Em uma entrevista para o diário espanhol El Mundo, o diretor científico da Johnson & Johnson, Paul Stoffels, afirmou que sua empresa trabalha para lançar uma vacina contra o covid-19, e em tempo recorde.
O cientista e empresário belga admite estar “relativamente esperançoso” com os avanços realizados até agora por sua equipe de pesquisas, e embora não conte maiores detalhes: apenas diz que o produto surgiu a partir de uma vacina para o vírus do resfriado, e dá a entender que os primeiros testes realizados com o produto, com cobaias, foram um sucesso.
O curioso do caso é que a empresa já iniciou a produção da vacina, mesmo antes de testá-la em humanos. A confiança de Stoffels é a chave para entender o caso. “Eu diria que a probabilidade de a nossa vacina ser sucesso é de mais de 80%”, assegura o cientista, que espera ter o produto a venda talvez ainda neste primeiro semestre, caso o teste em humanos seja bem sucedido.
Em outro momento da entrevista, o diretor compara o desafio que a humanidade enfrenta hoje como o da chamada “gripe espanhola”, entre os anos de 1918 e 1919. “Este é o maior desafio médico que já enfrentei. Acho que não víamos uma crise médica com tanto impacto desde a gripe espanhola, em 1918”, especificou.
Sobre uma possível segunda onda de infecções, Stoffels diz que “dependerá de como vai evoluir o número de infecções, internamentos e mortes”.
“Se começarem a baixar, temos que permanecer calmos por algum tempo, para evitar o início de uma segunda onda. É crucial medir quantas pessoas produziram anticorpos e até que ponto elas fornecem proteção. Teremos que reunir muitas informações. Devemos reiniciar até o verão. O distanciamento social continuará, mas a sociedade precisa voltar ao trabalho”, opina o empresário.
Vacina BCG
Enquanto isso, pesquisadores de diferentes países iniciaram experimentos com a vacina BCG, usada para prevenir a tuberculose, com o objetivo de descobrir se ela pode ter o mesmo efeito contra o covid-19
Segundo o jornal francês Le Monde, o ponto de partida da investigação é a correlação encontrada em estudos epidemiológicos entre a taxa de vacinação do BCG e as taxas de mortalidade do novo coronavírus.
Os ensaios já começaram em grande escala na Austrália, com cerca de 4 mil voluntários, e nos Países Baixos, com outro mil voluntários. Espanha e França são os próximos a se unir à iniciativa, que é liderada pela cientista Camille Locht, diretora de pesquisa do Instituto Pasteur, na cidade de Lille. Os primeiros resultados desse experimento devem estar disponíveis dentro de três meses.