Manaus é proporcionalmente a cidade mais atingida pelo coronavírus. O sistema de saúde de da capital do Amazonas entrou em colapso e, com a explosão no número de mortos, o sistema funerário vai pelo mesmo caminho. Nas últimas semanas, as mortes aumentaram 300% e são realizados cerca de 150 sepultamentos por dia.
Em meio a confusão e tristeza, familiares estão abrindo caixões lacrados à beira de covas coletivas para ter certeza de que estão enterrando seus parentes, segundo reportagem do Yahoo, publicada nesta quarta-feira (29).
"O cheiro acre dos corpos entrando em decomposição chegou devagar. Primeiro, um leve desconforto. Logo toda a tenda erguida às margens da vala comum no cemitério do Tarumã para proteger vivos e mortos do sol amazônico foi tomada pelo odor forte e nauseante de seres humanos apodrecendo", descreveu o repórter, que esteve no local.
"O cheiro vinha dos sete caixões enfileirados lado a lado aguardando a vez de irem para a vala comum aberta poucas horas antes. Ganhava mais intensidade quando um parente decidia por conta própria abrir as urnas funerárias para checar se o corpo que estava prestes a sepultar era mesmo do seu familiar", prossegue o jornalista.
Segundo a reportagem, a cena tem sido constante nos enterros coletivos em vala comum. Embora não seja permitido, funcionários contaram que preferem não impedir. "Depois do que aconteceu o pessoal quer ter certeza de que está enterrando a pessoa certa”, disse um deles.
Durante a pandemia de coronavírus, os corpos em Manaus têm sido armazenados em câmaras frigoríficas nos hospitais, unidades de saúde e até no próprio cemitério. Em muitos casos, não é possível manter temperatura adequada e, por isso, os corpos entram em decomposição.