Nos países que, ao enfrentar a pandemia do coronavírus, estão levando a sério os controles de saúde, a grande preocupação do momento é a identificação dos chamados “casos assintomáticos”: pessoas que foram contagiadas, mas que não desenvolveram os sintomas, ou tardam em apresentá-los.
Na América Latina, dois países já aderiram a esse esforço: Cuba e Argentina, que anunciaram nesta semana suas estratégias para enfrentar a pandemia.
Nesta quinta-feira (23) o Departamento de Epidemiologia do Ministério da Saúde de Cuba informou que aumentará o controle preventivo em todas as cidades do país.
O governo da ilha espera receber, nos próximos dias, ajuda do governo da China em forma de kits para realizar testes rápidos, e outros insumos médicos, para que estudantes de medicina possam atuar e aumentar a realização de testes preventivos.
Segundo o médico Francisco Durán, diretor do Departamento de Epidemiologia, “nesta última semana, nós tivemos 46 casos, dos quais 65% são assintomáticos, isso ajuda muito a conseguir um melhor resultado no tratamento, porque a melhor forma de combater este vírus é tratá-lo antes que ele comece a produzir efeitos mais graves”.
Durán também explica que “o paciente assintomático também tem outra particularidade, porque dependendo do seu perfil médico, ele acaba nem desenvolvendo a doença, mas ainda assim continua sendo um vetor, então identificar esses casos também permite que nós isolemos esta pessoa durante o período de incubação”.
No caso da Argentina, a subsecretária de Saúde, Carla Vizzotti, apresentou um plano no qual o país iniciará testes rápidos para detecção do vírus em pessoas assintomáticas, especialmente em meios de transporte público e locais de trabalho que ainda estão funcionando, por serem considerados serviços essenciais.
Assim como no caso de Cuba, a estratégia argentina também conta com milhares de kits enviados pela China, após acordo entre os governos de Alberto Fernández e Xi Jinping.
“A partir da próxima semana, realizaremos um operativo em várias cidades do país, no qual pretendemos realizar ao menos 150 mil testes somente nos primeiros cinco dias. Isso nos permitirá antecipar casos e talvez até flexibilizar as medidas restritivas, ao identificar que setores têm mais ou menos riscos, e pensar uma estratégia diferente para cada região”, comenta Vizzotti.
Até o momento, Argentina e Cuba são dois dos países com melhores resultados no combate ao coronavírus. O país governado pelo peronista Alberto Fernández, mesmo tendo que lidar com a pesada herança deixada pelo governo neoliberal de Mauricio Macri, se mantém longe das cifras mais assustadoras, com apenas 3,2 mil infectados e 159 mortes. Já a ilha comunista, conhecida por sua medicina avançada, registra 1,2 mil infectados e apenas 43 mortes.