Número de corpos em funerária de BH faz governo cogitar exumação para testar coronavírus

Investigação aponta que 41 cadáveres chegaram a uma funerária em um intervalo de 48 horas; laudos indicam “insuficiência respiratória aguda, pneumonia e Covid-19”

Foto: Josué Damacena/IOC/Fiocruz
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A informação de que foram encaminhados 41 corpos, em um intervalo de 48 horas, para uma funerária de Belo Horizonte, está sendo investigada pelo governo de Minas Gerais. De acordo com o boletim de ocorrência da Polícia Militar (PM), os laudos das mortes indicam como causas “insuficiência respiratória aguda, pneumonia e Covid-19”. No entanto, o governo mineiro não confirmou, até o momento, nenhuma morte por coronavírus.

De acordo com apuração do Estadão, o governo reconhece que cadáveres estão sendo enterrados no estado sem que se tenha conhecimento se a causa da morte se relaciona com a doença.

O diagnóstico do coronavírus depende de exames laboratoriais “realizados em vida, e não de necropsia”, destaca a secretaria de Saúde. “Após o término da contingência epidemiológica, caso a autoridade policial entenda ser necessária, a exumação do corpo poderá ser realizada”, acrescenta.

A PM recebeu, no dia 22 de março, uma denúncia anônima, que relatava a existência de corpos acumulados em uma funerária da Região Metropolitana da capital mineira. Ao chegar ao local, os policiais abordaram o gerente da funerária. Ele disse que, entre os dias 20 e 22, tinham chegado 73 cadáveres à funerária, com laudos da causa da morte semelhantes: pneumonia ou insuficiência respiratória.

Conforme a PM, um dos laudos indicava a causa da morte como coronavírus. Porém, a Secretaria de Saúde alegou que a notação de Covid-19 referente a este corpo não representava, necessariamente, que a causa havia sido coronavírus, mas, sim, que a morte teria acontecido durante a pandemia.

“O objetivo da anotação era justificar a não realização do exame interno, no cadáver e não significa, absolutamente, que a causa da morte foi o Covid19”, justifica o governo.

Surpresa

O gerente da funerária do bairro Nova Gameleira se surpreendeu com o fato e disse aos policiais que a quantidade de cadáveres era “extremamente elevada para a rotina daquele estabelecimento”. “Em 30 anos de profissão nunca vi tantos corpos num curto intervalo de tempo”, ressaltou.

A Secretaria de Saúde do Estado, por intermédio de nota, informou que “a situação mencionada está sendo avaliada e acompanhada pelos órgãos competentes. Tão logo as informações sejam apuradas adequadamente daremos os devidos esclarecimentos”.