Em áudio enviado a amigos do Ministério Público para agradecer solidariedade durante a pandemia do coronavírus, o médico infectologista David Uip, que foi diagnosticado com a doença, criticou o fim do isolamento social e disse que "nenhum sistema de saúde do mundo" conseguiria suportar um pico da doença sem essa medida de contenção.
"Se nós conseguimos, através do distanciamento das pessoas, achatar a curva de ascensão, nós teremos menos infectados e menos impacto no serviço de saúde. Se as pessoas não entenderem que esse confinamento é importante, nós vamos ter uma subida rápida do pico de doentes. Não tem sistema no mundo que aguente um pico de ascensão de uma pandemia como essa", disse o médico no áudio.
Em outro trecho, Uip diz que se sente "enjaulado" na quarentena, mas que vê melhoras em seu estado de saúde. "Eu estou aqui na minha quarentena, quinto dia, eu brinco dizendo que estou 'enjaulado', porque é difícil você ficar isolado sabendo que o mundo está caindo na sua frente. Mas essa faz parte da doença e eu tenho que cumprir minha parte. Uma doença chata, eu estou bem, a sensação é de que estou cansado", contou.
Uip também diz que o auge da doença deverá ser por volta de abril e maio, e país enfrentará dificuldades para lidar com o número de infectados. "Uma coisa é a infecção, que pode ser tratada com facilidade, e não entra nas estatísticas. Outra coisa são os casos de infecções graves com internação em hospital. Hoje o Brasil só divulga esses casos graves, mas ainda não atingimos o pico da doença, que deve acontecer nos meses de abril e maio, trazendo grandes dificuldades para os sistemas públicos e privados de saúde", alerta.
O médico também diz que falta de ar é o principal sintoma que deve levar uma pessoa a procurar o médico. "Quem sente desconforto respiratório deve logo procurar os serviços de saúde", alerta.