Marco e Gabriela Evangelista são um casal de Campinas que tinha o sonho de conhecer Machu Picchu, junto com o filho. A família viajou ao Peru no dia 14 de março com esse objetivo, e chegou a Cusco no dia seguinte, mas se encontraram com uma notícia bombástica: o presidente peruano, Martín Vizcarra, baixou uma série de medidas para combater a pandemia do coronavírus, que incluiu o fechamento das fronteiras do país.
Imediatamente, começaram a buscar alternativas para poder voltar. O governo local estabeleceu um prazo de 24 horas para que os estrangeiros deixassem o país, o que, obviamente, não foi suficiente para que eles pudessem mudar seus planos.
Assim, desde o começo da semana, a família está confinada em um hotel de Cusco. Além deles, há cerca de 200 brasileiros obrigados a fazer quarentena nos hotéis onde estavam hospedados. A polícia e as Forças Armadas peruanas estão nas ruas para impedir que se fuja da quarentena. A única forma de sair é se a diplomacia brasileira intervir para resgatá-los.
O problema é que isso não está acontecendo. A primeira providência dos brasileiros foi buscar o consulado brasileiro em Cusco, que se encontrava abandonado, ninguém os atendeu. Além disso, a comunicação com a Embaixada em Lima é precária. “A gente manda mensagens para eles por email ou por whatsapp, eles até respondem, mas dizem que estão tendo dificuldades para tirar a gente daqui”, relata Marco.
Dificuldades que, curiosamente, outros governos não tiveram. Segundo Marco Evangelista, “no hotel onde estamos havia israelenses, estadunidenses, mexicanos… os mexicanos foram os últimos que saíram, o governo do país já conseguiu que eles pudessem voltar, só nós continuamos aqui, e sem ter uma certeza de quanto tempo isso ainda vai durar”.
Em resumo, os cerca de 200 brasileiros em Cusco já estão confinados há cinco dias, em hotéis da cidade, pagando para ficar em quarentena em outro país, muitos arcando com diárias de hotel que não estavam previstas no seu orçamento, e sem saber até quando vai durar essa situação. Evangelista conta que “alguns de nós estão no limite financeiro, estamos nos ajudando aqui bastante, mas não podemos financiar isso para sempre”.
Outro problema é que muitos começam a sentir os efeitos do estresse causado por essas incertezas. “É cada vez mais difícil para mim explicar para o meu filho porque não vamos embora logo. Quem tem criança sofre ainda mais, mas quem não tem também não está bem”.
Durante a semana, o Itamaraty informou que está em negociação com as companhias aéreas, para conformar voos que possam levar de volta os brasileiros que estão em Cusco, mas até agora não foi capaz de dar certezas sobre quando isso poderá acontecer.
No entanto, um voo partiu de Lima com direção a Guarulhos, na tarde desta sexta-feira (20), somente com brasileiros que se encontravam na capital peruana. Um passageiro tirou uma foto e envio aos brasileiros em Cusco, mostrando que o avião viajou com vários assentos vazios. Ou seja, havia lugar para os brasileiros em Cusco poderem voltar, se a Embaixada brasileira agisse com o intuito de levar todos os compatriotas de uma vez.
Veja na imagem abaixo: