O Hospital das Forças Armadas, que realizou teste do novo coronavírus no presidente Jair Bolsonaro, está forçando funcionários a trabalharem sem o uso de equipamentos de proteção individual.
Segundo um enfermeiro que atua no HFA, os militares estão prometendo há mais de um mês disponibilizar os EPIs para os profissionais de saúde, mas eles ainda não chegaram.
"Viemos nesse último mês pedindo EPI para o hospital e a resposta era 'estamos provindenciando'. Entramos nessa fase de casos de coronavírus presentes no hospital sem os EPIs que a gente queria", reclamou o enfermeiro Brito em entrevista à Fórum.
Segundo o profissional, os equipamentos pedidos são macacões de segurança, protetores faciais, óculos de proteção e máscaras n-95. "Nunca providenciaram", disse. "Querem que enfrentemos o problema do Covid-19 só com máscara cirúrgica", completou.
Por tanto cobrar os EPIs, o profissional passou por uma situação de cobrança individual por parte da direção. "Esses senhores vieram aqui na emergência em que eu trabalho aqui no HFA e disseram 'Brito, chega, você tem que parar com seu show de ficar reclamando, pedindo EPI'", relatou.
O profissional conta que primeiro apareceu o coronel Ricardo Augusto Ribeiro de Souza, assessor especial do HFA, e, em seguida, apareceram outros três fardados.
"Ele já foi com a mão dele no meu telefone, tentando pegar. A mão voltando, ele levantou o cotovelo na altura da minha cara, já tirando minha máscara", disse ainda. "Eu comecei a gravar, ele foi se afastando e apareceram outros três militares de verde", completou.
Brito, que gravou uma cena dos militares tentando coagi-lo (veja vídeo no fim da reportagem), lamenta a situação. "Profissional querendo EPI eles querem sufocar", criticou.
Assista vídeo que mostra o enfermeiro sendo coagido pelos militares:
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