Até o dia 19 deste mês, o governo de São Paulo vai veicular uma campanha publicitária sobre o Instituto Butantan em que exalta a história da entidade e traz profissionais médicos dizendo “Se é do Butantan, eu confio”.
Oficialmente, a justificativa para a exibição da peça, que vai ao ar no estado de São Paulo em TVs abertas e fechadas, rádio, revistas, redes sociais e em estações de metrô e abrigos de ônibus, é “celebrar os 119 anos” do Butantan. É o que diz nota enviada pelo governo à Fórum e mesmo o release de divulgação da campanha.
No entanto, segundo o jornalista Igor Gielow, da Folha de S. Paulo, a campanha tem objetivo de tentar driblar uma eventual resistência da população à vacinação em massa contra o coronavírus.
O instituto vai fabricar no Brasil a dose desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac e patrocina seus testes em voluntários no país.
Guerra das vacinas
O governador João Doria (PSDB) “apadrinhou” o produto, a CoronaVac, e tem anunciado em suas entrevistas coletivas o andamento dos testes, tomado a iniciativa de defender a dose e, nesta segunda-feira (7), chegou a divulgar o calendário de vacinação com ela, marcando seu início para 25 de janeiro.
Por sua vez, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tem lançado sucessivas dúvidas sobre a eficácia da dose e defendido outro imunizante, o desenvolvido pela Oxford/AstraZeneca. A oposição entre os dois provocou uma espécie de “guerra das vacinas”. O presidente inclusive incentiva esse acirramento, ao negar que vá comprar a “vacina chinesa de Doria” em um momento, ou que a imunização não será obrigatória em outro.
Seus apoiadores se manifestam em redes sociais sempre contrários à CoronaVac. E muitos até dizem que não pretendem se vacinar com nenhuma dose.
A campanha
No filme da campanha publicitária, de fato o destaque é a história do Butantan como produtora de imunizantes e que ele é o principal fornecedor do Ministério da Saúde, respondendo por 65% das vacinas utilizadas no Programa Nacional de Imunizações e 100% das vacinas contra a gripe do país.
Médicos como o infectologista David Uip, o presidente do Conselho Diretor do Hospital das Clínicas, Aluisio Cotrim Segurado, e o diretor-técnico do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, Luiz Carlos Pereira Júnior, participam do vídeo para emprestar sua notoriedade ao instituto. Eles aparecem dizendo: “Se é do Butantan, eu confio!”.
A CoronaVac não é citada, até porque ela ainda não tem registro no país, estando em fase de testes. Mas outras doses produzidas pelo instituto, como a da influenza, são ressaltadas.
O vídeo pode ser visto nesse link.