Na pandemia, adolescente come mais doces, sente saúde piorar e aprende menos

Pesquisa de três instituições aponta ainda que dobrou parcela de jovens entre 12 e 17 anos que não praticaram atividade física por 60 minutos em nenhum dia da semana no Brasil

Estudante de máscara em escola vazia (Foto PIxabay)
Estudante de máscara em escola vazia (Foto PIxabay)
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Desde o início da pandemia do novo coronavírus, os adolescentes passaram a comer mais doces, sentiram sua saúde piorar ao longo do período de quarentena e ainda estão com nível menor de aprendizado.

Essas mudanças foram constatadas na pesquisa Convid Adolescentes – Pesquisa de Comportamentos realizada em parceria por Unicamp, a Fundação Oswaldo Cruz e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Foram investigadas as mudanças nas atividades de rotina, nos estilos de vida, nas relações com familiares e amigos, nas atividades escolares, nos cuidados à saúde, e no estado de ânimo de 9.470 adolescentes com idade de 12 a 17 anos do Brasil decorrentes da pandemia de Covid-19. A pesquisa aconteceu de 27 de junho a 17 de setembro de 2020.

A grande maioria dos adolescentes (71,5%) aderiu às medidas de restrição social, com 25,9% em restrição total e 45,6%, em restrição intensa, saindo só para supermercados, farmácias ou casa de familiares.

No total da amostra, 30% achou que a sua saúde piorou durante a pandemia.  Diferenças foram encontradas por sexo e faixa de idade, com as meninas relatando maior proporção de piora do estado de saúde (33,8%) do que os meninos (25,8%), e os adolescentes mais velhos (37,0%) do que os mais novos (26,4%).

“O percentual de adolescentes que relataram piora na qualidade do sono durante a pandemia foi de 36,0%, sendo que 23,9% começaram a ter problemas com o sono e 12,1% relataram que tinham problemas e eles pioraram. A qualidade do sono foi mais afetada entre as meninas, e nos adolescentes com 16 a 17 anos, em relação aos mais novos”, comenta a pesquisadora da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, Margareth Guimarães Lima.

Alimentos e atividades físicas

E os doces, hein? O consumo de alimentos considerados não saudáveis pelos pesquisadores em dois dias ou mais por semana aumentou durante a pandemia. O índice ficou em 4% para pratos congelados e 4% para os chocolates e doces.  Destaca-se o maior consumo de doces e chocolates entre as meninas. Durante a pandemia, 58,1% das adolescentes consumiram doces em 2 dias ou mais por semana.  

Mas queimar essas calorias a mais foi mais difícil. O estudo constatou que mais de 40% não praticaram atividade física por 60 minutos em nenhum dia da semana durante a pandemia. O percentual de jovens que não faziam 60 minutos de atividade física em nenhum dia da semana antes da pandemia era de 20,9% e passou a ser de 43,4%. “A prática de 60 minutos de atividade física em cinco ou mais dias semanais diminuiu em torno de 13 pontos percentuais, de 28,7 para 15,7%”, alerta a pesquisadora da Unicamp.

Ensino à distância

O aprendizado à distância se mostrou mais difícil do que o presencial entre os jovens que participaram da pesquisa. Para começar, foi difícil acompanhar as aulas on-line: 59% relataram falta de concentração, 38,3% falta de interação com os professores, 31,3% falta de interação com amigos.

 Como consequência, o entendimento do conteúdo que era passado à distância ficou prejudicado. Segundo a pesquisa, 47,8% dos adolescentes relataram estar entendendo pouco (51,3% das meninas e 44,1% dos meninos), e 15,8% disseram não estar entendendo nada (17,4% das meninas e 14,1% dos meninos). 

Com informações de Unicamp

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