“Antes de fevereiro, ninguém deve ser vacinado no Brasil", diz pesquisadora da Fiocruz

Margareth Dalcomo: “Era necessário uma coordenação mais harmônica e centralizada do governo federal, mas com a anuência e parceria da comunidade acadêmica. Isso não aconteceu”

Margareth Dalcomo - Foto: Reprodução/TV Cultura
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Margareth Dalcomo, pneumologista e pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), afirmou que a falta de coordenação do governo Jair Bolsonaro na condução da crise da pandemia do coronavírus fará com que a população não seja vacinada antes de fevereiro.

Em entrevista à CNN-Brasil, a estudiosa disse que, seis meses atrás, quando começaram os estudos da fase 3 das vacinas, “era necessário uma coordenação mais harmônica e centralizada do governo federal, mas com a anuência e parceria da comunidade acadêmica”.

“Isso não aconteceu realisticamente, a impressão que nós temos é que antes de fevereiro, ninguém deve ser vacinado no Brasil", destacou Margareth.

Para ela, o Brasil não fez negociações no tempo adequado, quando outros países já estavam tendo conversas com os fabricantes dos imunizantes.

Registro

“A Anvisa só pode registrar um produto que tenha registro em seu país de origem e nenhuma das duas vacinas avançadas no Brasil, que são a da Sinovac e da AstraZeneca, têm. Então, elas não poderiam ser utilizadas para vacinar a população brasileira”, acrescentou. 

Em consequência da total falta de habilidade do governo federal em conduzir o processo de vacinação, o contágio no Brasil pode levar mais tempo para ser freado.

Quantidade insuficiente

No dia 14 de dezembro, em entrevista ao Roda Viva, da TV Cultura, Margareth havia afirmado que o mundo não será capaz de produzir a quantidade de vacinas suficiente para imunizar toda a população em 2021.

“As vacinas nós já sabemos que não haverá para todo mundo, não é só no Brasil. Mesmo com as boas intenções e eficiência do sistema Covax, que é o que asseguraria uma certa equidade em relação a isso”, afirmou.