Ao ser indagado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) por qual motivo acelerou a produção de cloroquina em seu laboratório neste ano, a pedido do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o Exército justificou dizendo que “seria o equivalente a produzir esperança a milhares de corações aflitos com o avanço e os impactos da doença no Brasil e no mundo”.
A resposta está em documento oficial obtido pela agência Fiquem Sabendo, por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI).
Neste ano, entre março e junho, o laboratório do Exército fabricou mais de 3 milhões de comprimidos do medicamento. Esse total supera a produção dos dois anos anteriores do medicamento, usado em doenças como malária, artrite e lúpus. O próprio laboratório divulgou o aumento de produção em março.
Embora o medicamento não tenha nenhuma comprovação científica de eficácia no combate à Covid-19, Bolsonaro age, desde o início da pandemia, como garoto-propaganda do remédio. Defende seu uso como “tratamento precoce” da doença, mesmo reconhecendo que, de fato, não há comprovação científica de que ela cure a infecção. E diz que foi tratado com ela quando contraiu o novo coronavírus.
Ultimamente, o presidente tem se dedicado a desafiar seus críticos, dizendo que só pode recomendar que não se use a cloroquina quem tiver uma “alternativa”. No entanto, a própria Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou estudo em outubro deste ano dando conta de que a cloroquina não funciona para o tratamento da Covid-19.
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Além da produção ampliada pelo Laboratório do Exército, o Brasil ainda recebeu um lote de 2 milhões de comprimidos do remédio dos Estados Unidos em maio. Por lá, o presidente Donald Trump, a quem Bolsonaro seguia como modelo, também defendia o uso do medicamento.
Para distribuir esse estoque, encalhado, em farmácias populares, o governo Bolsonaro deve gastar R$ 250 milhões.
Leia a íntegra da reportagem da Fiquem Sabendo nesse link.