Pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) iniciaram nesta segunda-feira (5) testes clínicos com a vacina BCG, usada contra a tuberculose, para avaliar se ela tem eficácia na prevenção contra a Covid-19. Serão vacinados 1 mil profissionais da saúde, que terão acompanhamento para a coleta de dados da pesquisa.
Vão participar dessa iniciativa os hospitais Pedro Ernesto, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), da UFRJ, e o Municipal de Barueri Dr. Francisco Moran (SP).
Em uma nota, a coordenadora da pesquisa, Fernanda Mello, explicou que esses estudos tentarão responder se a vacina ajuda tanto na prevenção da infecção quanto na diminuição da ocorrência de formas graves de Covid-19.
Professora de tisiologia e pneumologia do Instituto de Doenças do Tórax da UFRJ, Fernanda destaca, ainda, a importância de o estudo ser feito em meio aos profissionais de saúde. “Ao avaliarmos o efeito da vacina BCG entre profissionais de saúde, esperamos verificar seu potencial para evitar o adoecimento e as formas graves da doença entre eles, que representam o braço operacional da linha de cuidado aos pacientes Covid-19”, disse ela. A coordenadora ainda destacou que “a manutenção desta força de trabalho é fundamental para que seja garantido o melhor cuidado aos portadores do coronavírus”.
Hipótese para o estudo
Essa investigação sobre a eficácia da BCG no combate ao coronavírus partiu de uma hipótese baseada em dados que mostram que países que mantêm o uso da vacina apresentaram menor incidência de Covid-19 em comparação com países que suspenderam o uso da BCG universal como por exemplo os EUA, a Espanha e a Itália. Outro estudo semelhante está sendo feito pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
No Brasil, a aplicação da vacina é obrigatória para crianças de até 4 anos desse 1976. Ela faz parte do calendário nacional de vacinação. Portanto, pessoas na faixa dos 45 anos para menos estariam entre as que receberam a dose dentro desse calendário. E dados do sistema Infogripe mostram que o total de internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) neste ano no Brasil está baixo entre crianças e adolescentes, até 19 anos. Elas estão concentradas principalmente, de acordo com os números, na faixa etária acima de 60 anos, aquela população que não foi imunizada com a BCG quando criança.
Com informações da Agência Brasil