Você sabe quem foi Tereza de Benguela?

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No Brasil, o dia 25 de Julho é o Dia Nacional de Tereza de Benguela; na América Latina e no Caribe, é o dia da Mulher Negra. A data é, no entanto, pouco mencionada pela mídia, assim como pouco se fala da vida da líder quilombola Tereza de Benguela. Saiba mais sobre sua história no cordel escrito por mim publicado abaixo. Para conhecer outros cordéis biográficos, visite minha página: www.jaridarraes.com/cordel TEREZA DE BENGUELA Por Jarid Arraes Na história do Brasil Nas escolas ensinada Aprendemos a mentira Que nos é sempre contada Sobre o povo negro e índio Sobre a gente escravizada. Nos contaram que escravos Não lutavam nem tentavam Conquistar a liberdade Que eles tanto almejavam E por isso só passivos Os escravos se ficavam. Ô mentira catimboza Me dá nojo de pensar Pois o povo negro tinha Muita força exemplar E com muita inteligência Sempre estavam a lutar. Um exemplo muito grande É Tereza de Benguela A rainha de um quilombo Que mantinha uma querela Contra o branco opressor Sem aceite de tutela. No estado Mato Grosso Tinha o tal Quariterê Um quilombo importante Para livre se viver Cooperando em coletivo Guerreando pra vencer. José Piolho era o marido Mas chegou a falecer Então Tereza de Benguela Veio pois rainha a ser Liderando com firmeza Na certeza de crescer. No quilombo liderado Era possível encontrar Estrutura de política Que seria de invejar E a administração Também era exemplar. Tinha armas poderosas Pra lutar e resistir Com talento pra forjar Se botavam a fundir Objetos muito úteis Para a vida construir. As algemas e outros ferros Que serviam de prisão Lá na forja transformavam Pra outra utilização E com muita habilidade Tinham outra intenção. O quilombo tinha armas Pela troca ou por resgate E com muita resistência Suportavam esse embate Libertando muita gente Pela via do combate. O sistema muito rico Tinha até um parlamento E também um conselheiro Pra rainha embasamento Que exemplo grandioso Era o gerenciamento! Além disso ainda tinha O plantio de algodão E também lá se tecia Pra comercialização Os tecidos que vendiam Fora da quilombação. As comidas do quilombo Que ali eram plantadas Dividas entre todos Também comercializadas Tudo aquilo que sobrava Para venda enviadas. Tinha milho e macaxeira E também tinha feijão Sem esquecer a banana Com fins de alimentação E as sobras, como disse Pra comercialização. Foi por isso que Tereza Duas décadas reinou Com a força do quilombo Que com garra liderou E por isso pra história A rainha então ficou. Em 1770 Quariterê foi atacado Por Luiz Pinto de Souza o Coutinho era enviado Pelo sistema escravista O quilombo era acabado. A população de negros Setenta e nova se contavam E a população de índios Tinham trinta que restavam Foram presos, foram mortos Pelos que assassinavam. De acordo com o registro Tereza foi capturada Mas depois de poucos dias A rainha adoentada Acabou-se falecendo Da mazela ali tomada. E os brancos matadores A cabeça lhe cortaram Exibindo em alto poste Pra mostrar aos que ficaram A maldade desses brancos Que do racismo enricaram. Na história brasileira Ela deve ser lembrada Como uma grande heroína Para sempre memorada Pela sua força e mente Sempre homenageada. Dia 25 de Julho É o dia de lembrar De Tereza de Benguela Pois rainha exemplar Foi durante sua vida Sem jamais silenciar. Que exemplo inspirador Que mulher tão imponente Foi Tereza de Benguela Uma deusa para a gente Que até hoje não desiste Dessa luta pertinente. Me revolta esse país Que não fala na história Dos seus feitos grandiosos E de toda a sua glória O silêncio é explicado Pela vil racista escória. É por isso que escrevo Mulher negra também sou E registro de Tereza O legado que ficou Pois bem poderosamente A Tereza aqui reinou. Faço humilde reverência E saúdo a sua história Agradeço pela luta Que me foi dedicatória Ao racista esquecimento Faço uma denegatória. Mulher negra de coragem E também de inteligência Com talento e liderança Com imensa sapiência Foi Tereza de Benguela Fonte de resiliência. Que seus feitos importantes Não mais sejam esquecidos Que o racismo asqueroso Não lhes deixe escondidos Pois são para o povo negro Exemplos fortalecidos. Oh Tereza de Benguela! Nosso espelho ancestral Sua alma ainda vive E entre nós é maioral Nós honramos sua luta Sua força atemporal! FIM Conheça também o livro "As Lendas de Dandara", sobre a líder quilombola Dandara dos Palmares: www.aslendasdedandara.com.br aslendasdedandara