Está circulando em grupos de Whatsapp uma foto minha com uma frase que afirma: “Até presidente do PSOL afasta conexão de Bolsonaro ao caso Marielle”. A publicação é impulsionada pelo mesmo esquema de difamação bolsonarista investigado na CPMI das Fake News, no Congresso Nacional, e mostra que a máquina de mentiras da extrema direita segue a todo vapor. Por isso, vale a pena colocar as coisas em seu devido lugar.
Numa entrevista concedida ao programa “Faixa Livre”, fui perguntado sobre a relação da família Bolsonaro com o assassinato de Marielle. Disse, textualmente, o seguinte:
“Temos de ter cuidado porque é muito evidente que o Adriano tinha relações com a família Bolsonaro, o que significa que a família Bolsonaro tem relações com as milícias. Evidentemente, já sabemos que o assassinato da Marielle também tem o dedo das milícias, agora daí a fazer uma vinculação automática [entre Bolsonaro e o assassinato] seria fazer exatamente o que costumam fazer conosco, que é inventar factoides”.
Afirmei, portanto, que Bolsonaro e sua família têm relações com as milícias. E afirmei que as milícias estão por trás da morte de Marielle. Mas que não poderia, como presidente de um partido, sair dizendo que Bolsonaro é o mandante da morte de Marielle, pelo simples fato de que as investigações estão em curso e ainda não chegaram a essa conclusão. E fazê-lo seria usar os métodos do bolsonarismo.
Infelizmente, o “Faixa Livre” divulgou a matéria com um título bastante infeliz, que induz ao erro: “PSOL afasta conexão automática de Bolsonaro a caso Marielle: factoide”. Quem ouve minha entrevista percebe que minha postura foi de cautela, como tem que ser, mas jamais de defesa ou isenção da família Bolsonaro.
Esta semana um deputado bolsonarista foi para a tribuna da Câmara dos Deputados usar essa entrevista para defender a família Bolsonaro. A líder de nossa bancada, Fernanda Melchionna, desmentiu imediatamente o tal deputado. A partir disso, disparos começaram a ser feitos com a frase fora de contexto.
Reafirmo o que está nas resoluções do PSOL e o que tenho dito em TODAS as entrevistas que concedi nesses quase dois anos de impunidade: queremos a verdade, custe o que custar; queremos os assassinos e mandantes do assassinato de Marielle e Anderson julgados e condenados; queremos saber qual a verdadeira relação da família do presidente com os suspeitos da morte de Marielle; e não faremos ilações irresponsáveis ou oportunistas porque NÃO SOMOS como Bolsonaro.
Queremos verdade e Justiça. E quem duvidar disso ou distorcer nosso compromisso com a memória de Marielle, está fazendo o jogo do bolsonarismo.
*Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum