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Tenho visto algumas criticas repetidas nas redes sociais há algum tempo, algumas até com o tom de denúncia e revolta pelo tipo de artista que teve seu projeto aprovado para captação de recursos.
Aqui vai a opinião de um profissional que trabalha no mercado cultural há 20 anos. Muitos acham absurdo a Maria Bethânia, Luan Santana, Claudia Leite terem seus projetos aprovados pela CNIC (Comissão Nacional de Incentivo à Cultura) muitos por falta de conhecimento acham que o valor do projeto aprovado é o valor já pago a tal artista pelo Governo. Olha que deles só gosto da Bethânia.
Aqui vai o primeiro equivoco, ter o projeto aprovado quer dizer que o artista e seus produtores estão aptos a conseguir recursos junto as empresas interessadas em patrocina-lo e ao fazer isso a empresa pode abater do imposto a ser pago. Não quer dizer que ele já conseguiu.
Bom mas a questão aqui não é essa, o Ministério da Cultura não deve entrar no mérito se um artista tem ou não mais capacidade de arrumar dinheiro para seu projeto. Ele tem que aprovar o projeto que estiver dentro dos critérios da Lei. Se quisermos mudar isso temos muito pela frente, para começar dar mais valor a cultura nesse Brasil.
O problema da Lei Rouanet é dar o poder decisório do destino do dinheiro na mão das empresas, e mais especificamente na mão dos departamentos de marketing. Sim são eles que escolhem qual projeto vai receber os recursos que depois serão abatidos do Imposto de Renda a ser pago pela empresa.
Então me digam, diante do cenário da educação no nosso País, a qualidade dos profissionais formados pelas universidades de marketing, que tipo de artista e projetos eles vão querer apoiar? Qual tipo de artista vai dar mais retorno para a marca? Quem os acionistas vão gostar mais de visitar no camarim? Os meninos da banda Cabinhas do projeto Casa Grande no interior do Ceará ou a Claudia Leite, Miguel Falabella e outros globais? Não aprendemos nas escolas o valor intangível das coisas, aprendemos principalmente como ficar rico, como ter sucesso. Não aprendemos nem ao menos amar a cultura do nosso povo.
Vejam que aqui fala uma pessoa que usou em 20 anos de projetos culturais 7 vezes até hoje os recursos da Lei. Se perguntarem se eu gostaria que ela existisse eu digo que não. Mas contar com a visão das empresas reconhecendo que investir em cultura é uma ação estratégica e estruturante?
Esperemos sentado, enquanto isso a Lei Rouanet é um mecanismo necessário para que um dia quem sabe não precisemos mais dela.