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Encontros, reencontros e solidariedade.
Foi, sem dúvida, o mais expressivo ato de Primeiro de Maio dos últimos tempos em Curitiba.
E isto não é pouca coisa.
Sim, foi um ato realizado por partidos e movimentos sociais, nas suas possibilidades e limites: a conhecida sucessão de discursos, a velha disputa pela fala e pelo controle do microfone e muita música e festa.
O tom dominante era a defesa de Lula que, em muitos casos, terminava com o anúncio de sua candidatura como inamovível.
(Não sei se esta estratégia se manterá até o fim, mas, isto diz respeito aos militantes do seu partido).
Contudo, nem todos que lá estavam eram militantes da candidatura de Lula e este fato não pode ser secundarizado. Todos os presentes defendiam a liberdade de Lula e o direito de ser candidato, ainda que muitos apoiem outras candidaturas. Um momento raro em que a generosidade de diversos partidos de esquerda se manifestou de forma eloquente.
A pauta trabalhista não esteve no centro e isto é preocupante.
Ao mesmo tempo, é compreensível o protagonismo conjuntural do protesto em torno da sucessão de abusos na prisão de Lula.
O desmando da toga que decide prender uns e soltar outros, que proíbe visita de médicos para alguns e não para outros, se não era novidade no Brasil, agora, adquire o tom de escárnio à luz do dia.
E nesta esteira ganham espaço outros abusos de autoridade e descaso com a legitimidade política e social.
Mas, para além de todos estes sentidos políticos, houve uma face menos explícita que, talvez, seja a mais significativa.
A presença de militantes do Brasil e do mundo infundiu esperança e energia para os que aqui resistem, sendo atacados pelos conservadores e alvejados pela direita hidrófoba.
Só por isto já teria valido a pena.
Não é só por Lula. É por todos os que lutam e teimam em ter esperanças.
Em tempos tão duros, reencontrar amigos, estar juntos, cantar e entoar catárticas vaias pode ser um bálsamo necessário para prosseguir.
Até porque a luta vai ser longa e dura.