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A região é ainda uma das maiores riquezas naturais do planeta. Nos governos do PT houve queda significativa do desmatamento e foi ampliado o debate sobre conscientização, preservação, sustentabilidade.
Por Alexandre Padilha*
É impressionante a tentativa do governo golpista de Michel Temer em criar fatos absurdos para desviar o foco da sua impopularidade e, assim, resistir ao cargo. Em algumas das suas cruéis decisões, o repúdio da população o leva a voltar atrás e deixar que o povo acredite que aquilo não poderá ser botado em pauta mais uma vez.
A última delas, e que fez um barulho enorme na mídia nacional/internacional e nas redes sociais, foi o decreto para abertura da exploração de mineradoras da Reserva Nacional de Cobre e seus Associados (Renca), área protegida, com grande riqueza natural, localizada na Floresta Amazônica, entre os estados do Amapá e Pará. A decisão, por consequência, ocasionaria mais desmatamento e um genocídio das populações indígenas ali existentes.
Na intenção de beneficiar a bancada ruralista e as empresas exploradoras, e deixando de lado a opinião da população – mas claro, que governo ilegítimo gosta de democracia? – Temer, em seu discurso na abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas, que aconteceu este mês, reiterou o "desenvolvimento sustentável" e a "preocupação do governo com o desmatamento”.
O povo gritou. Os índios gritaram. A comunidade internacional e ambientalistas gritaram. Até os artistas participantes do Rock in Rio gritaram e fizeram inúmeras intervenções em defesa da preservação Amazônia durante os shows.
O presidente Lula também gritou contra a medida. E, inclusive, programou uma visita em defesa da preservação da região. Acho até que Temer tremeu quando soube da caravana que estava sendo organizada de Macapá, Vitória, Laranjal do Jari, com senadores, deputados e pesquisadores e Lula.
Vivi na Amazônia como coordenador do Núcleo de Medicina Tropical da USP, na região de Santarém, e cuidei da saúde de índios ribeirinhos caboclos. Vi de perto o surgimento de vários projetos de geração de renda sustentável e é possível gerar riqueza agregando valor à diversidade da Amazônia, e não a destruindo.
Esses projetos só acontecem quando construídos junto com os povos que lá vivem. Esse, inclusive, é um dos grandes questionamentos jurídicos em relação ao decreto do Temer sobre a Renca, pois ele não consultou as comunidades locais, como estabelece a Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Quando ministro de Lula e de Dilma, vivi a experiência de construir investimentos junto com as comunidades amazônicas, como, por exemplo, a fábrica de preservativos que montamos no estado do Acre. Ela garantiu o abastecimento de parte das camisinhas compradas pelo Ministério da Saúde e aumentou em até 15 vezes a renda de seringueiros.
Por hora, a decisão foi revogada, mas até quando? Temer quer acabar com o direito dos trabalhadores e vender nossas riquezas ao capital estrangeiro e, para isso, vale tudo!
Não indo muito longe, em junho deste ano, Temer cedeu à pressão nacional e internacional, inclusive da modelo brasileira e reconhecida defensora da Amazônia, Gisele Bündchen, e vetou duas medidas provisórias que reduziam a área de preservação da Amazônia.
Há ainda a história dele querer compartilhar com os Estados Unidos parcerias para a defesa do Brasil na Amazônica, com o exército norte-americano. Mas é defesa de quem? O Brasil está em crise com algum país sul-americano? Ou os Estados Unidos que estão de olho na crise da Venezuela? Não há ponto sem nó quando se trata do país rei do capitalismo.
A Amazônia é ainda uma das maiores riquezas naturais do planeta, é vital para o mundo. Nos governos do PT houve queda significativa do desmatamento e foi ampliado o debate sobre conscientização, preservação, sustentabilidade.
O presidente com o pior nível de popularidade da história, após a redemocratização, segue com sua agenda conservadora e privatista do patrimônio do povo. Tira direitos, sucateia serviços públicos, congela novos investimentos para saúde e educação, mas tem muito dinheiro para alugar sua maioria no congresso e fazer a vontade das grandes corporações.
E até aqueles que apoiaram o golpe, hoje gritam “Fora Temer”. Foi impressionante a quantidade deles que foi contrária ao decreto da Renca. Há quem Temer representa?
A entrega da Amazônia faz parte da gincana de entregas de Temer e da aliança PMDB-PSDB: entregou o pré-sal, Petrobras, a nossa politica externa altiva, o BNDES...
O Brasil só será um país rico e justo com um projeto construído COM a Amazônia e não PARA a Amazônia. O lançamento da plataforma “O Brasil que o Povo Quer” pelo presidente Lula e a presidenta nacional do PT, senadora Gleisi, permite ouvir toda a população sobre como o Brasil pode voltar a gerar emprego, como retirá-lo – mais uma vez – do Mapa da Fome, como voltar ao protagonismo mundial, inclusive na agenda ambiental, como no acordo de Copenhague, quando o Brasil liderou metas de redução de desmatamento.
A plataforma na internet será uma boa oportunidade para construirmos este projeto. E a vontade de Lula de percorrer a região Amazônica, dialogar com as comunidades, será um momento histórico de retomada do protagonismo da região para o projeto nacional.
*Alexandre Padilha é médico, vice-presidente nacional do PT, foi secretário municipal da saúde na gestão de Fernando Haddad e ministro nas gestões Lula e Dilma
Foto: Rodolfo Oliveira/Ag. Pará/Fotos Públicas