AVANÇO

Cientistas chineses revolucionam comunicação quântica mais uma vez com rede de 300 km

A rede desenvolvida por cientistas da Acadêmica de Ciências de Informação Quântica de Pequim introduz evoluções tecnológicas importantes para a comunicação em estados quânticos; entenda

Física quântica.Créditos: Pixabay
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Um time da Academia de Ciências da Informação Quântica de Pequim (BAQIS) alcançou mais um marco para a comunicação quântica na última semana, informa a instituição.

Os cientistas realizaram a construção de uma rede quântica inteiramente conectada com 300 quilômetros de extensão, que permite a transmissão direta de informações utilizando estados quânticos (como os fótons, partículas elementares que viajam à velocidade da luz), sem a necessidade de gerar chaves criptográficas para garantir a segurança da troca de informações. O procedimento é chamado de Comunicação Quântica Segura Direta (QSDC, na sigla em inglês).

A equipe da BAQIS usou uma tecnologia expansível de “bombeamento duplo” para construir a estrutura, mantendo a fidelidade dos estados quânticos (e, portanto, das informações transferidas) entre os pontos de conexão acima de 85%. A rede permite conectar quatro usuários em pares, numa distância que vai até 300 km.

“A distância da transmissão e o número de usuários [permitidos] são dois fatores importantes que costumam limitar a realização de comunicação quântica em redes de larga escala”, explica a agência chinesa de comunicação ECNS.

Por isso, o avanço obtido pelo experimento da equipe foi significativo, e abre caminho para uma tecnologia mais ampla (e segura) de comunicação que pode ser usada para a transmissão de dados governamentais, transações financeiras e outras informações de natureza sensível que necessitam de garantias de criptografia profunda.

“A introdução de ruído extra”, explica a equipe da BAQIS, foi essencial para um experimento bem-sucedido. Ela permitiu a manutenção quase perfeita dos estados quânticos e a extensão considerável da transmissão. Além disso, a equipe trabalhou num mecanismo de “correção de erros” baseado na “reconstrução quântica dos estados”, feita através de uma “fonte de luz emaranhada” e otimizada.

Entenda os avanços da tecnologia

  • Nova arquitetura de rede: os cientistas conseguiram mudar o formato da rede quântica, eliminando a necessidade de um centro de conexão que age como intermediário entre os usuários da rede. Isso limitava a quantidade de usuários em conexão. Agora, é possível conectar-se diretamente com os usuários (isto é, uns com os outros) sem depender de um ponto central.
  • Maior alcance de transmissão: eles também aumentaram a distância possível da transmissão (no experimento, alcançando 300 quilômetros), sem que o sinal perdesse a qualidade. Para isso, a “luz entrelaçada” — os dois feixes de luz conectados quanticamente, como se formassem um elo invisível — foi essencial. Isso fez com que a informação se propagasse mais longe na rede.
  • Correção inteligente de erros: por fim, o mecanismo de “correção inteligente” desenvolvido pelos cientistas permitiu corrigir os erros nos estados da transmissão como se eles fossem ruídos atrapalhando a transmissão da mensagem principal.
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