CIÊNCIA

Veja como funciona o sangue artificial testado em humanos pela primeira vez

Em estudo sigiloso, cientistas britânicos testam pela primeira vez em humanos uma substância que pode mudar o futuro das transfusões

Créditos: Wikimedia Commons
Escrito en TECNOLOGIA el

O NHS, sistema público de saúde britânico, iniciou testes clínicos com sangue produzido em laboratório, marcando um passo inédito na medicina. A pesquisa busca alternativas às doações tradicionais, especialmente para pessoas com tipos sanguíneos raros ou que necessitam de transfusões frequentes.

Como funciona o sangue sintético

A substância é criada a partir de células-tronco cultivadas em uma solução nutritiva. Essas células se multiplicam e se transformam em hemácias — os glóbulos vermelhos que transportam oxigênio. Após cerca de três semanas, o material é filtrado e infundido em voluntários.

A fase atual do estudo envolve transfusões em pelo menos dez pessoas, que receberão hemácias naturais e, em outro momento, as artificiais. O objetivo é comparar a durabilidade e o desempenho das células de laboratório com as naturais, que vivem cerca de 120 dias.

Pesquisas iniciais indicam que as hemácias sintéticas podem durar mais tempo no corpo. No entanto, ainda há barreiras.

Segundo Fernanda Azevedo Silva, professora de hematologia da UFF, o corpo humano tende a eliminar células defeituosas. Ela também destaca que as hemácias precisam se deformar para circular em vasos estreitos, uma exigência que pode comprometer o desempenho das artificiais.

Mesmo com os obstáculos, a pesquisadora ressalta a importância do avanço. “Até hoje, não existe sangue artificial funcional. As tentativas anteriores fracassaram”, disse à Folha de S. Paulo.

Uso clínico ainda levará tempo

De acordo com o NHS, a aplicação em larga escala pode levar entre 5 e 15 anos. A tecnologia, no futuro, será destinada a públicos específicos, como pacientes com anemia falciforme ou tipos sanguíneos raros.

Há também estudos iniciais para criar linhagens celulares capazes de produzir hemácias continuamente, reduzindo a necessidade de novos cultivos. A inovação tem potencial para transformar o acesso a transfusões e reduzir a escassez de sangue em todo o mundo.

Reporte Error
Comunicar erro Encontrou um erro na matéria? Ajude-nos a melhorar