O crescimento acelerado dos datacenters no Brasil, especialmente no estado de São Paulo, tem atraído a atenção de ambientalistas, urbanistas e especialistas em infraestrutura. Esses gigantescos complexos de servidores, essenciais para o armazenamento e processamento de dados da internet brasileira, demandam grandes quantidades de energia elétrica e água para manter o funcionamento e o resfriamento de seus equipamentos. Antes de adentrarmos no tema, surge a pergunta: afinal, o que são os datacenters, por que são importantes para a atração de investimentos no país e qual é a perspectiva do setor no Brasil?
Os datacenters consomem recursos naturais significativos para manter seus servidores resfriados e em operação. Dessa forma, utilizam grandes volumes de água para dissipar o calor gerado pelos sistemas, especialmente em regiões com clima quente, como o Brasil e outras áreas próximas aos trópicos.
Te podría interesar
Essa água, muitas vezes, é utilizada para resfriar os equipamentos, em volumes que podem alcançar milhões de litros por dia. Existem, inclusive, debates no universo da tecnologia sobre o impacto do consumo de água das Inteligências Artificiais (IAs) generativas, que requerem grandes quantidades de água para alcançar o desempenho que apresentam. Isso pressiona o abastecimento local, podendo competir com o consumo da população e da agricultura, além de gerar preocupações ambientais, especialmente em regiões que já enfrentam escassez hídrica.
Entenda o debate das datacenters no Brasil
Enquanto cidades paulistas como Vinhedo, Osasco e Campinas já concentram operações de alta capacidade (com destaque para a Ascenty, líder no setor), surge uma preocupação crescente sobre a possibilidade de instalação de datacenters na Amazônia. A preocupação se intensifica especialmente com políticas, como a do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que prometem isenção fiscal ao setor. Essa medida foi discutida durante sua viagem aos Estados Unidos, em maio, na expectativa de atrair R$ 2 trilhões de investimentos para o Brasil na próxima década.
Te podría interesar
O diferencial, contudo, é que Haddad planeja atrair investimentos para datacenters com foco em sustentabilidade digital, ou seja, que não promovam a destruição dos ecossistemas ao redor — a principal preocupação de ambientalistas e urbanistas, e uma tendência recente no setor. Por outro lado, especialistas da área geralmente argumentam que a geração de empregos no país seria limitada.
Um dos principais atrativos do plano do ministro é a antecipação dos efeitos da reforma tributária já aprovada pelo Congresso Nacional, e ele abordou o tema durante a 28ª Conferência Global do Instituto Milken, realizada em maio. "A antecipação vai garantir que todo o investimento no Brasil no setor seja desonerado e toda a exportação de serviços a partir dos datacenters seja desonerada", afirmou Haddad na ocasião.
O receio, contudo, é que a implantação de estruturas tão intensivas em recursos naturais em uma região ecologicamente sensível possa agravar problemas como escassez hídrica, desmatamento e a pressão sobre as comunidades locais, colocando em risco o equilíbrio ambiental da maior floresta tropical do mundo.
Veja quais são os principais datacenters do país
- Ascenty: campi em Vinhedo (61?MW) e Osasco (47?MW), somando quase 100?MW, opera em média 212?MW no Brasil;
- Tecto/V.tal (BTG): anunciou um mega-hyperscale com 200?MW, em São Paulo; e
- Equinix (ex-Alog): expande seus pólos em SP e RJ; inicialmente tem 5?MW com possível expansão até 14,4?MW.