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Instagram passa a ser indicado apenas para maiores de 16 anos

Ministério da Justiça aponta presença de temas inadequados ao público infantojuvenil; nova classificação vale para todas as versões do aplicativo no Brasil

Ministério da Justiça aponta presença de temas inadequados ao público infantojuvenil; nova classificação vale para todas as versões do aplicativo no Brasil
Instagram passa a ser indicado apenas para maiores de 16 anos.Ministério da Justiça aponta presença de temas inadequados ao público infantojuvenil; nova classificação vale para todas as versões do aplicativo no BrasilCréditos: Unsplash
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O Ministério da Justiça e Segurança Pública elevou a idade da classificação indicativa do aplicativo Instagram, que passa a ser considerado “não recomendado para menores de 16 anos”. A medida foi publicada no Diário Oficial da União nesta quarta-feira (11) e vale para todas as versões do app em território nacional.

A decisão se baseia em uma análise de rotina realizada pela Secretaria Nacional de Justiça, que identificou no conteúdo disponível na plataforma diversos elementos incompatíveis com a classificação anterior, de 14 anos. Entre os temas encontrados estão morte intencional, mutilação, erotização, consumo de drogas ilícitas, relação sexual intensa, sexo explícito e situações de crueldade.

Segundo a avaliação técnica, os conteúdos observados se enquadram em diferentes faixas da classificação indicativa oficial: morte intencional e nudez são compatíveis com a faixa de 14 anos; mutilação, consumo de drogas ilícitas e relações sexuais intensas, com a de 16 anos; e crueldade, sexo explícito e situações sexuais de forte impacto, com a de 18 anos.

Estudos científicos reforçam a nova classificação

A decisão do governo brasileiro encontra respaldo em ampla base de evidências científicas que apontam os riscos associados ao uso precoce e frequente do Instagram por adolescentes. Embora a plataforma seja utilizada como ferramenta de socialização e expressão criativa, estudos revelam impactos preocupantes à saúde mental de jovens, especialmente em estágios de desenvolvimento psíquico e emocional.

Um estudo da Universidade da Califórnia em San Francisco acompanhou cerca de 12 mil crianças entre 9 e 10 anos durante três anos e concluiu que o aumento no tempo de uso de redes sociais elevou significativamente os sintomas depressivos. Casos de cyberbullying dobraram o risco de pensamentos suicidas e consumo de substâncias ilícitas.

Uma revisão de 37 estudos científicos publicada no repositório PubMed entre 2016 e 2023 apontou correlação entre o uso excessivo do Instagram e o aumento de casos de depressão, ansiedade, distúrbios do sono e baixa autoestima entre adolescentes.

A revista médica Cureus também destacou a relação entre uso intenso de redes sociais e episódios de autolesão, isolamento e distanciamento afetivo, especialmente entre jovens com baixa resiliência emocional.

Efeitos sociais e emocionais

O Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos (HHS) publicou um relatório afirmando que adolescentes que passam mais de três horas diárias em redes sociais têm risco dobrado de desenvolver transtornos emocionais como depressão e ansiedade.

Já a Mayo Clinic alertou que a exposição recorrente a conteúdos sensíveis, como cenas de violência e erotização, pode intensificar distúrbios emocionais e comprometer o desenvolvimento afetivo entre jovens de 12 a 15 anos.

Relatórios da Ofcom, agência reguladora do Reino Unido, mostraram que crianças conseguem acessar no Instagram vídeos com violência gráfica e conteúdo sexual explícito, mesmo em contas públicas. Muitas relataram sofrimento emocional e até “trauma leve” .

Pesquisas também demonstram os efeitos da cultura visual do Instagram sobre a percepção corporal dos jovens. Um artigo da revista Nature Human Behaviour mostrou que adolescentes com transtornos mentais prévios são mais vulneráveis à lógica de comparação social, influenciados por curtidas, comentários e filtros estéticos.

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