ESPAÇO

Como é o cheiro do espaço? Cientistas descrevem detalhes surpreendentes

Pesquisadores recriam os cheiros do espaço para entender a composição de planetas e buscar sinais de vida fora da Terra

Créditos: Nasa
Escrito en TECNOLOGIA el

Cientistas têm investigado os possíveis cheiros do espaço com base na composição química de planetas, luas, cometas e nuvens de gás. A ideia é entender melhor o Universo — e, eventualmente, encontrar pistas sobre a existência de vida fora da Terra.

Marina Barcenilla, pesquisadora da Universidade de Westminster e especialista em fragrâncias, estuda esses odores e os recria em laboratório. Ela colabora com o Museu de História Natural de Londres em uma exposição que apresenta ao público os aromas do espaço.

Um dos exemplos é Júpiter, que possui diferentes camadas de nuvens, cada uma com compostos específicos. A camada superior, formada por gelo de amônia, teria um cheiro semelhante ao de urina de gato. Em camadas mais profundas, a presença de sulfeto de amônio traria um odor de ovos podres. Há também indícios de fósforo e compostos orgânicos chamados tolinas, que podem lembrar petróleo ou alho.

Na estação espacial Mir, onde esteve em 1991, a astronauta britânica Helen Sharman relata que havia poucos cheiros perceptíveis por causa da ausência de gravidade — o ar quente não sobe, o que dificulta a dispersão dos aromas. Mesmo assim, muitos astronautas descreveram um cheiro metálico após saírem ao espaço, possivelmente causado por oxigênio atômico que reage ao retornar para dentro da estação, formando ozônio.

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Outra hipótese para esse cheiro está na presença de moléculas liberadas por estrelas em colapso, chamadas hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (HAPs). Elas também estão presentes na queima de matéria orgânica na Terra e têm odor semelhante ao de solventes ou plástico queimado.

O Telescópio Espacial James Webb (JWST) tem ajudado nessa investigação. Em 2022, ele detectou dióxido de carbono na atmosfera do exoplaneta WASP-39b. Já em 2023, um grupo de cientistas identificou sinais de dimetilsulfeto (DMS) em K2-18b, a cerca de 120 anos-luz da Terra. Na Terra, esse composto é gerado por organismos marinhos, o que levanta a possibilidade de atividade biológica naquele planeta.

K2-18b pertence a um grupo de planetas chamado sub-Netunos, maiores que a Terra, mas menores que Netuno. Pesquisadores acreditam que ele pode ter um oceano sob sua atmosfera, o que o torna um bom candidato na busca por vida.

Apesar de parecer algo abstrato, estudar os cheiros do espaço é uma forma concreta de conhecer melhor sua composição e até de identificar possíveis sinais de vida em outros mundos.

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