Depressão, ansiedade, nervosismo, distúrbios do sono e sedentarismo são alguns dos muitos riscos que as telas representam para a saúde das crianças.
A tecnologia tem sido utilizada para confinar, alienar e subjugar as crianças e adolescentes por intermédio de estratégias que visam capturar sua atenção, de forma a controlar, reengajar e monetizar.
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Essas conclusões estão em um estudo feito pelo Alto Conselho de Saúde Pública da França (HCSP, da sigla em francês). A comissão foi criada pelo presidente francês, Emmanuel Macron, para analisar o problema da exposição das crianças e adolescentes às telas de celulares e computadores.
Os especialistas em relatório divulgado no dia 30 de abril e intitulado "Crianças e Telas: Em Busca do Tempo Perdido", ponderam que as crianças, assim como seus pais, vivem em um mundo onde as telas e o digital ocupam um lugar preponderante. As crianças, alertam, são amplamente expostas, e cada vez mais jovens, às telas, seja em casa, na escola, em espaços públicos e com os dispositivos que têm para seus próprios usos.
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As telas, mostra a pesquisa, têm consequências prejudiciais para vários aspectos da saúde das crianças e adolescentes. Em particular, o uso das telas contribui, direta ou indiretamente, para déficits de sono, sedentarismo, falta de atividade física, obesidade e todas as patologias crônicas decorrentes, além de problemas de visão.
Os estudos sobre as consequências das telas no neurodesenvolvimento das crianças e adolescentes ainda precisam ser aprofundados. A noção de "vício em telas" ainda não é reconhecida pela ciência, mas as telas, especialmente o uso das redes sociais, podem trazer fatores de risco adicionais quando há uma vulnerabilidade preexistente em uma criança ou adolescente, como depressão ou ansiedade.
O acesso não controlado das crianças às telas e a insuficiente regulação dos conteúdos aos quais os menores podem ser expostos, especialmente em relação à pornografia e violência extrema, representam um alto risco para seu equilíbrio e, às vezes, sua segurança.
Isso levanta questões sociais, como a disseminação massiva de certos estereótipos ou representações deletérias sobre as relações entre homens e mulheres, sexualidade e convivência.
Uso disfuncional de tecnologias
O HCSP, depois de um primeiro parecer em dezembro de 2019 sobre os riscos da exposição às telas, passou a estudar o uso problemático dessas tecnologias.
Os especialistas apontaram que o uso disfuncional da internet antes da pandemia afetava cerca de 13% dos jovens de 12 a 14 anos. As medidas relacionadas ao Covid-19 aumentaram a superconsumo e a dependência das telas.
Muitos testes de avaliação do risco de dependência às telas foram desenvolvidos no mundo; eles precisam ser confiáveis e válidos para identificar jovens dependentes ou em risco de desenvolver um uso problemático.
Os produtores de tecnologias digitais utilizam esses efeitos aditivos e o poder atrativo das telas, e esse risco "cativante" não poupa nenhuma idade, podendo levar ao abandono escolar na adolescência.
Recomendações da comissão
Diante desse cenário, o HCSP fez recomendações, entre elas:
- Limitar a exposição dos menores de 3 anos: Reforçar a recomendação vigente de não expor crianças menores de 3 anos às telas e desaconselhar seu uso até os 6 anos, ou, pelo menos, que seja fortemente limitado, ocasional, com conteúdos de qualidade educativa e acompanhado por um adulto.
- Exposição moderada após os 6 anos: Após os 6 anos, tender para uma exposição moderada e controlada, que encontre seu lugar adequado entre atividades que devem ser diversificadas e variadas para o desenvolvimento das crianças e adolescentes.
- Uso de Celulares:
- a Comissão considera inapropriado que as crianças tenham celular antes dos 11 anos, idade de entrada no ensino secundário;
- a partir dos 11 anos, se tiverem celular, recomenda-se que não possam se conectar à internet;
- a partir dos 13 anos, se tiverem celular conectado, este não deve permitir o acesso às redes sociais nem a conteúdos ilegais;
- a partir dos 15 anos, idade simbólica da maioridade digital, o acesso às redes sociais deve ser limitado àqueles com concepção ética.
Leia aqui o estudo na íntegra, em francês