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Como identificar um iPhone falso? Nem a Apple sabe

Dificuldade no reconhecimento de aparelhos falsos custou US$2.5 milhões à Apple e deixou dois presos nos EUA

Modelos de iPhone.Créditos: Kanesue via Flickr commons
Escrito en TECNOLOGIA el

De acordo com o USA Today, um esquema de falsificação de iPhones pode ter gerado um prejuízo de US$ 2.5 milhões à Apple nos Estados Unidos, desafiando o controle de qualidade da empresa.

Haotian Sun e Pengfei Xue, dois cidadãos chineses que residiam em Maryland, estado no nordeste dos EUA, usaram milhares de aparelhos celulares falsificados vindos de Hong Kong com números de série internacionais para forjar aparelhos originais da Apple. 

A falsificação serviria para trocar os aparelhos por modelos originais de fábrica, sob a alegação de que os celulares estariam “danificados” — e, contando com o prazo de um ano oferecido pela Apple para a substituição dos produtos, eles eram, então, restituídos. 

Os mais de seis mil iPhones identificados pela investigação do Departamento de Justiça norte-americano eram aparelhados com números de série falsos, que, no entanto, pertenciam a usuários ativos, e tinham IMEIs (o código único que identifica cada aparelho no momento da sua fabricação) de aparelhos reais, ainda no período de garantia — o que possibilitou sua troca. 

O esquema também foi investigado por um chefe de qualidade da Apple, que percebeu a presença de peças não originais nos celulares — e, numa análise posterior, os números de série falsos. Mas essa constatação veio um pouco tarde: a fraude foi descoberta após vários dos aparelhos já terem sido substituídos em análises iniciais.

Nos documentos de acusação dos dois responsáveis pela fraude, que foram redigidos ainda em 2017, a empresa afirma ter tido cerca de US$2.5 milhões em prejuízo

Segundo o responsável pela investigação, o esquema deve ter sido iniciado ainda naquele ano — a alfândega norte-americana apreendeu 36 celulares falsificados na região em que ocorria a operação. Mesmo com a notificação dos oficiais, os falsificadores continuaram a operação até 2019; e, em 2018, submeteram pelo menos 57 iPhones para reparo na Apple. 

Eles usavam a DHL e a UPS, empresas de entregas aéreas, para interceptar os aparelhos vindos de Hong Kong e então transformá-los em iPhones com registros falsos

Sue e Xue foram condenados à prisão e ao pagamento de US$1.470.000 em multas. As penas ficaram em 4,5 anos para Sun, que foi multado no valor de US$1.072.200, e em 4 anos para Xue, que terá de pagar US$397.800 à Apple como forma de restituição. 

O esquema deixou o controle de qualidade da Apple preocupado, e deve preocupar também o consumidor final: se nem a assistência técnica da empresa pôde reconhecer um aparelho falsificado, como o usuário poderia?