Os usuários de smartphones temem que sua privacidade seja invadida pelo microfone de seus dispositivos. Apesar da facilidade ao acesso à informação oferecida com canais de busca, a exemplo do Google e da Siri, as pessoas acreditam que as empresas se aproveitam do que falamos no dia a dia para nos direcionar publicidade, conforme nossos interesses.
As big techs, como Google e Facebook, rastreiam os dados dos usuários e enviam anúncios publicitários de conteúdos iguais ou similares aos já consumidos. A estratégia de filtrar os interesses da pessoa por meio dos dados não significa que essas informações são captadas pelo microfone ou câmera do dispositivo, mas isso pode acontecer.
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As permissões concedidas
As conversas offline não são captadas sem a autorização do usuário. Os aparelhos móveis, essenciais para a execução de atividades básicas do cotidiano – comunicação, localização, pagamento de serviços, entre outros – têm acesso à vida privada a partir de permissões concedidas ao dispositivo ou aplicativos nele instalados, como lista de contatos, GPS e até mesmo câmera e microfone.
"Em primeiro lugar, estão os assistentes de voz como a Siri e Alexa, que estão programados para estar sempre atentos a nossos comandos de voz. Em segundo lugar, os aplicativos instalados também podem ter a capacidade de escuta, dependendo das permissões que proporcionamos", explica Fernando Suárez, presidente do Conselho de Faculdades de Engenharia Informática, ao El País.
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Ou seja, os dados não são captados de modo ilegal, apenas são condicionadas ao consentimento do usuário nos serviços utilizados no smartphone. Por vezes, os aplicativos não terão suas atividades executadas com funções completas caso não sejam concedidas determinadas permissões. Se o usuário aprovar o uso da câmera no Instagram, o aplicativo terá acesso ao serviço, por exemplo.
O proprietário do celular pode conferir se os aplicativos estão fazendo uso indevido dos dados com uma consulta às permissões concedidas no dispositivo. Nas configurações do aparelho, é possível ver a situação de sua privacidade, incluindo os acessos ao microfone e câmera em cada aplicativo. "É crucial revisar e, se necessário, revogar as permissões concedidas aos aplicativos que não necessitam deles", aconselha Suárez.
Pesquisas comprovam isso?
Alguns estudos já buscaram responder se é falsa ou verdadeira a afirmação de que nossos smartphones nos espionam. Em março de 2023, a NordVPN, empresa do ramo de rede privada virtual, realizou um experimento no qual tentaram comprovar se os telefones aproveitam a escuta ativa para bombardear o usuário com publicidade relacionada aos interesses de cada pessoa. Após três dias, as "conclusões não foram claras" porque não havia correlação direta entre as conversas e os anúncios que apareciam para cada pessoa.
A Northeastern Univeristy e a Universidade de Boston, ambas dos EUA, também testaram se o microfone escuta o mundo exterior. Durante um ano, 17 mil aplicativos mais populares do sistema Android – entre eles, Facebook, Instagram e WhatsApp – foram analisados, para entender se eles recebiam os dados captados. Não houve evidência que os aplicativos usam o microfone sem permissão do usuário.
O que é comprovado, no entanto, é o retargeting – termo em inglês que designa o envio de publicidade ao usuário por produtos que já tiveram interesse demonstrado. Assim, as empresas não realizam ações que invadem a privacidade, apenas analisam quais são os conteúdos, produtos e serviços que a pessoa clica ou passa tempo de tela.