Em entrevista ao programa Fórum Café desta quarta-feira (12), o médico e cientista brasileiro Miguel Nicolelis comentou a ascensão das inteligências artificiais e geradores de texto - como o ChatGPT - para o desenvolvimento humano. E, para ele, a inteligência artificial não é assim tão surpreendente.
Nicolelis afirma que a inteligência artificial - que ele chama de "modelos estatísticos" - não é necessariamente nova e é usada por pesquisadores - inclusive por ele mesmo - há décadas.
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"Eu uso as ferramentas de aprendizado e treinamento e reconhecimento de padrão há 30 anos. Eu uso desde os anos 1990. Uma coisa é você ter ferramentas estatísticas de análise de dados extremamente úteis que você usa para reconhecer padrões para fazer análises estatísticas de grandes quantidades de dados", afirma o neurocientista.
"Ninguém sabe o que é deep learning. Deep learning é uma rede neural com mais camadas que a gente conhece desde os anos 1970", afirma.
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Nem inteligente, nem artificial
Ele também afirma que o nome "inteligência artificial" é, na verdade, um erro em ambos os sentidos. Para Miguel Nicolelis, os sistemas de IA como Bard e Google não são nem inteligentes, nem artificiais.
" A inteligência é algo restrito aos organismos porque ela é uma propriedade emergente da interação de seres vivos com o seu ambiente. A inteligência resulta no processo de seleção natural, é a forma pela qual os organismos conseguem sobreviver às vicissitudes de um ambiente em contínua modificação", afirmou o neurocientista. "O termo inteligência é inapropriado porque os sistemas computacionais porque eles não preenchem a definição clássica de inteligência, nenhuma delas"
"E ela não é artificial porque ela é criada por seres humanos, ela não vem do nada, não cai do céu. A inteligência que existe nessa área é a inteligência dos programadores e das pessoas que geram esses sistemas", completa.
O fim da criatividade
Miguel afirma que essas redes neurais não são novidades, e afirmou que o ChatGPT deve cair com a mesma velocidade que ele ascendeu. Ele usou como analogia também a rede social Threads, comandada pelo Facebook.
"O ChatGPT vai ter uma morte vai ter uma morte tão rápida quanto ele teve de subida. Todos esses sistemas são movidos a hype e a marketing", contou.
Além disso, ele afirma que existe um grande risco por trás do deep learning. "Se o seu futuro é baseado no banco de dados do seu passado, não existe futuro. Se toda a sua música vai ser produzida de um sistema inteligente baseado em Beethoven, nunca mais haver Elton John. Não vai haver nenhuma criatividade. O futuro vai ser definido pelas regras estatísticas do passado. Muito pior do que a substituição dos nossos empregos", afirma.
Confira a entrevista de Miguel Nicolelis para o Fórum Café nesta quarta-feira (12):