Cientistas da Universidade de Cambridge e do Instituto de Tecnologia da Califórnia conseguiram criar embriões humanos sintéticos a partir de células-tronco. Os modelos criados se assemelham às primeiras etapas do desenvolvimento humano, sem a necessidade de óvulos ou espermatozoides. A descoberta pode fornecer informações cruciais sobre como os distúrbios genéticos e outros fatores afetam essa fase da vida. Entenda a descoberta e como ela foi feita.
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A professora Magdalena Zernicka-Goetz, da universidade e do instituto, anunciou a descoberta no encontro anual da Sociedade Internacional de Pesquisa com Células-Tronco, em Boston (EUA), segundo The Guardian. "Podemos criar modelos semelhantes a embriões humanos por meio da reprogramação de células-tronco embrionárias", afirmou ela.
"Conseguiram criar embriões a partir de células-tronco. Esses embriões, em princípio, não parecem ou ainda não se sabe, mas por outros experimentos feitos em macacos e ratos, eles não necessariamente se tornarão iguais a um ser humano", afirmou Adrián Turjanski, professor da Universidade de Buenos Aires. Ele é especialista em bioinformática e diretor científico da empresa Bitgenia, dedicada à medicina de precisão.
Contudo, a descoberta gera muitas incertezas éticas e legais, pois os embriões sintéticos não são reconhecidos pela legislação da maioria dos países do mundo. Nesse sentido, Zernicka-Goetz advertiu que, a curto prazo, não se planeja o uso clínico desses embriões sintéticos: "Seria ilegal implantá-los no útero de uma paciente, e ainda não está claro se essas estruturas têm o potencial de continuar amadurecendo além das primeiras etapas de desenvolvimento do embrião".
Auxílio em outras pesquisas científicas
O objetivo é compreender o período do desenvolvimento embrionário conhecido como "caixa preta", que recebe esse nome porque aos cientistas é permitido cultivar embriões em laboratório apenas até um limite legal de 14 dias. Com os embriões sintéticos, esse limite pode deixar de existir. Por isso, a criação de embriões sintéticos de células-tronco é um avanço importante na pesquisa científica.
As células-tronco são células vivas que têm a capacidade de se diferenciarem em diversos tipos de células especializadas. "No caso dos embriões sintéticos, são utilizadas células-tronco pluripotentes humanas que são cultivadas em um ambiente adequado para que se diferenciem em células embrionárias e iniciem um desenvolvimento embrionário", explicou Soledad Kleppe, médica especialista em Genética e Doenças Metabólicas no Instituto Médico de Alta Complexidade do Hospital Italiano.
A pesquisa encontrou um método para fazer com que uma célula indiferenciada, ou seja, que ainda não começou a se desenvolver como algum tecido ou órgão, se transforme em embrião. Como ele não provém da fertilização de um óvulo por um espermatozoide, é possível que sejam estudados em laboratório após o limite de 14 dias. Atualmente, o estudo de embriões nesse período é feito através de imagens e observações clínicas.
Com informações do Infobae