Na tarde desta terça-feira (9), o Telegram disparou para a sua base de usuários desinformação contra o PL das Fake News (PL 2630), que tem por objetivo regulamentar as redes sociais no Brasil e segue protocolos adotados em outros cantos do mundo.
O texto disparado pelo Telegram "informa" que "a democracia está sob ataque no Brasil", isso por conta do PL das Fake News, o que é uma mentira e uma afronta ao Congresso Nacional e à soberania do Brasil, visto que qualquer serviço ou empresa responde normas reguladoras.
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A atitude dos gestores do Telegram não é nenhuma novidade, visto que o aplicativo é reincidente em desrespeitar as normas reguladoras do Brasil e de outros países. Em abril, o aplicativo foi bloqueado e multado em R$ 1 milhão por dia, pois, se recusou a entregar dados de grupos neonazistas investigados pela Polícia Federal.
O cofundador do Telegram, Pavel Durov, diante da pressão da Justiça ameaçou deixar o Brasil. "No Brasil, um tribunal solicitou dados que são tecnologicamente impossíveis de obter. Estamos recorrendo da decisão e aguardando a resolução final. Não importa o custo, defenderemos nossos usuários no Brasil e seu direito à comunicação privada", disse Durov.
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"No passado, países como China, Irã e Rússia proibiram o Telegram devido à nossa posição de princípio sobre a questão dos direitos humanos. Tais eventos, embora infelizes, ainda são preferíveis à traição de nossos usuários e às crenças nas quais fomos fundados", declarou o cofundador do Telegram.
Diante deste novo ataque do Telegram contra as instituições brasileiras, o governo Lula e políticos reagiram e, em uníssono, defenderam a regulação das redes sociais.
Para Ricardo Cappelli, chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), o novo ataque do Telegram mostra que "a regulação é uma necessidade histórica". "Os ataques à democracia brasileira e à soberania nacional perpetrados pelo Telegram através do disparo em massa de mentiras deixou claro o que está em jogo. Acabou com o mito da "neutralidade" destas plataformas. A regulação é uma necessidade histórica", declarou.
Paulo Pimenta, ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), afirmou que "medidas legais serão tomadas". "Inacreditável! Telegram desrespeita as leis brasileiras e utiliza sua plataforma para fazer publicidade mentirosa contra o PL2630. As medidas legais serão tomadas. Empresa estrangeira nenhuma é maior que a soberania do nosso país".
Já para o ministro da Justiça Flávio Dino, o Telegram buscar "provocar um novo 8 de janeiro", em alusão à tentativa de golpe de Estado. "“A democracia está sob ataque no Brasil”. Assim começa um amontoado absurdo postado pela empresa Telegram contra as instituições brasileiras. O que pretendem? Provocar um outro 8 de janeiro? Providências legais estão sendo tomadas contra esse império de mentiras e agressões".
O líder do governo Lula no Congresso Nacional, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), usou da ironia para também afirmar que o aplicativo será penalizado.
"Protocolamos no STF petição em função dos ataques do Telegram ao PL 2630, utilizando sua plataforma para manipular a opinião pública a favor de seus interesses. Uma pena que o Telegram tenha notificado seus usuários de que a democracia estava sob ataque com 4 anos de atraso", revelou Randolfe Rodrigues.
Por fim, a deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) classificou como "repugnante" a ação do Telegram. "Repugnante a ação do Telegram de hoje. Já se trata de um aplicativo de mensagens conhecido por proteger grupos neonazistas, terroristas e canais de fake news. Agora, usa sua infraestrutura para difundir mentiras sobre a legislação brasileira e o que está em pauta no Congresso".