Levantamento DataFórum desta sexta-feira (10) mostra que, passado o primeiro mês do governo Lula, a imprensa tradicional, a partir da pauta sobre a autonomia do Banco Central e da permanência ou não de Roberto Campos Neto à frente da instituição, se aproximou da crítica feita pela extrema direita ao governo Lula.
Se no âmbito da defesa das instituições democráticas e dos direitos humanos parte da imprensa tradicional esteve mais próxima do então candidato Lula, essa, digamos, "lua de mel" se encerra com as críticas do presidente da República a taxa de juros praticada pelo Banco Central.
Essa "nova" postura da imprensa com o governo Lula tem por objetivo travar o avanço da nova política econômica que tem como foco o social. No entanto, tal postura a aproxima da extrema direita, que encontrou na figura de Campos Neto um meio para voltar a engajar a nas redes e manter os perfis engajados.
O tema Banco Central e Roberto Campos Neto se mantiveram como a principal discussão no Twitter, mas também em outras redes. Também se manteve como destaque nos levantamentos anteriores do DataFórum. Isso mostra que tal pauta tem potencial para polarizar de um lado o governo Lula e do outro a extrema direita e parte da imprensa tradicional.
A extrema direita obteve 42% das menções no Twitter. Os progressistas, somados a comunidade pop, 44% das citações.
Foram analisados 402.151 tweets a partir das tags lulaoficial, @lulaoficial, jairbolsonaro, @jairbolsonaro, lula, bolsonaro, @ptbrasil, ptbrasil, @plnacional_, plnacional_.
Extrema direita
As medidas de desarmamento e a proibição da blindagem de veículos, são tratadas como uma ajuda para a criminalidade.
A suspensão de linhas de crédito rural pelo BNDES gerou críticas e o prejuízo anunciado pela Marisa foi atribuído ao governo Lula, assim como a morte de 2 emas no Alvorada.
Algumas mensagens mencionam a possibilidade de o ex-ministro da Justiça Sérgio Moro levar Lula de volta à prisão e há críticas aos investimentos do BNDES em países vizinhos.
Progressistas
A passagem de Jair Bolsonaro pelo poder foi alvo de críticas: a morte de carpas no Palácio da Alvorada, o desastre da política econômica e a condução desastrada do processo de vacinação.
Houve também críticas à mídia, que é acusada de vitimizar garimpeiros e entrevistar Ricardo Salles como autoridade sobre o tema.
A viagem de Lula aos EUA para se encontrar com o presidente Biden encontrou repercussão positiva e Carlos Bolsonaro foi motivo de chacota, por ter postado uma imagem com o preço alto da gasolina como se fosse no governo Lula, mas a foto era do governo do seu pai.
Cultura pop
Uma vez mais, Lula foi tratado como responsável por boas notícias do universo pop e o presidente foi retratado de maneira positiva, como uma pessoa disposta ao trabalho.
Os influenciadores que reclamaram por não terem sido chamados para reunião com Lula foram alvo de ironias, por parte de influenciadores que também não foram chamados.
O Enem motivou brincadeiras e postagens bem-humoradas.
Direita liberal
Nesta comunidade, Lula, Alckmin e Haddad foram tratados como ignorantes em matéria de economia, que precisariam de aulas com economistas liberais.
A suspensão de linhas de crédito no BNDES para o setor agropecuário e o investimento em “países amigos” gerou críticas, em consonância com a postura da extrema direita.
Para os influenciadores a autonomia do Banco Central deveria ser defendida com maior ênfase.