CHUVAS NO RIO GRANDE DO SUL

Eduardo Leite é desmentido por instituição meteorológica gaúcha: alertas foram feitos

Governador do Rio Grande do Sul é rebatido por MetSul; entidade declarou que houve aviso de chuvas extremas que atingem estado

Créditos: Palácio Piratini (Mauricio Tonetto) - Governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, visita famílias atingidas pelas chuvas extremas no início de setembro, a maior tragédia ambiental da história do estado
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O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), para justificar a inoperância dos órgãos estaduais frente as fortes chuvas que atingem o estado, avaliou como imprecisos os "modelos matemáticos" disponibilizados pelos órgãos de meteorológicos gaúchos.

Em resposta a MetSul, uma instituição meteorológica do Rio Grande do Sul, rebateu Leite e afirmou que chuvas extremas que atingiram o Sul do Brasil foram previstas e alertadas.

A MetSul resgatou previsões dos dias anteriores às chuvas, que alertavam para volumes "excepcionais" e "sem precedentes". A entidade afirmou que eles foram os únicos a identificar essa possibilidade.

A entidade contestou declarações de Leite à GloboNews —que geraram uma discussão com o jornalista André Trigueiro. O governador afirmou que o volume de 300 mm de chuva não foi previsto anteriormente e questionou Trigueiro se ele estava tentando culpá-lo pela tragédia, que já deixou 39 mortos no RS.

A declaração do governador sobre a imprecisão dos "modelos matemáticos" coloca o trabalho da meteorologia em dúvida, afirmou a entidade.

As previsões da MetSul alertavam para até 500 mm de chuva, mas a Defesa Civil tinha uma interpretação diferente. Em um comunicado emitido na semana passada, a Defesa Civil gaúcha havia alertado para "temporais isolados" com um volume máximo de 100 mm a ser atingido na segunda-feira (4).

Em nota oficial, a MetSul afirma que as declarações de Leite não procedem.

A declaração do governador, infelizmente, não procede. O momento no Rio Grande do Sul é de união de esforços de todos os gaúchos – e somos gaúchos – para apoiar e socorrer as vítimas da terrível catástrofe que se abateu sobre as comunidades do Vale do Taquari e do Norte do estado. Os esforços devem se concentrar nas pessoas e nas iniciativas para a retomada de um mínimo de normalidade.


Assim, prossegue o texto, os modelos meteorológicos anteciparam os volumes de chuva, e a gravidade do que se avizinhava já era conhecida muitos dias antes. A ciência meteorológica cumpriu o seu papel. A entidade ressalta seu apoio ao trabalho do governo no resgate das vítimas, afirmando que não era seu desejo emitir essa nota neste momento de calamidade estadual, mas que os esclarecimentos são devidos à sociedade gaúcha.

Fortes chuvas do Rio Grande do Sul

Subiu para 39 o número de mortos por causa das chuvas intensas e enchentes que atingiram várias cidades do Rio Grande do Sul. Duas pessoas morreram nos municípios de Cruzeiro do Sul e Imigrantes.

Do total de óbitos, 14 ocorreram em Muçum, nove em Roca Sales, quatro em Cruzeiro do Sul, três em Lajeado, dois em Estrela e Ibiraiaras tem duas mortes cada; e Mato Castelhano, Passo Fundo, Encantado, Santa Tereza e, agora, Imigrantes tem um óbito cada.

A Defesa Civil do estado divulgou um boletim atualizado na manhã desta quinta-feira (7). Nove pessoas continuam desaparecidas.

As chuvas causadas pelo ciclone extratropical inundou cidades, derrubou pontes, destruiu lojas e deixou vários estragos na infraestrutura do estado.

Nas redes sociais, um vídeo mostra quando dois homens, em um barco, passam ao lado de um grupo de porcos que se abrigou no telhado de uma casa. Em outro, aparece uma ovelha pendurada em um fio de luz.

Até o momento, 79 municípios foram afetados, deixando 2,500 pessoas desabrigadas e 3.500 desalojadas. No total, foram resgatadas 2.745 pessoas.