Ricardo Nunes (MDB), prefeito de São Paulo e candidato à reeleição, anunciou nesta quarta-feira (28) que sua campanha vai utilizar os primeiros programas do horário eleitoral gratuito na televisão e no rádio para apresentar o emedebista ao eleitor paulistano e destacar o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Tudo isso para tentar barrar o fenômeno Pablo Marçal (PRTB), que ultrapassou o emedebista nas intenções de votos, segundo o Datafolha.
"A gente vai fazer um primeiro programa de apresentação, um pouco da minha história e, obviamente, a gente terá ali imagens monstrando o presidente Bolsonaro nos demais episódios também", explicou Nunes. "O foco maior será de me apresentar para as pessoas, demonstrando que essa candidatura tem o apoio do Bolsonaro", disse.
Te podría interesar
Bolsonaro teve participação tímida na campanha de Nunes até agora, mas vem chamando a atenção pelas polêmicas. Há uma semana, o principal cabo eleitoral do prefeito disse a uma rádio que o emedebista não é “o seu candidato dos sonhos”. O líder do PL emendou o comentário elogiando a inteligência de Marçal (PRTB). Bolsonaro voltou atrás dias depois, publicando um vídeo em que garantia total apoio a Nunes "até onde fosse possível".
A estratégia do MDB conta com várias outras ações na tentativa de fazer a campanha do prefeito deixar de patinar e decolar de vez. Isso porque a pesquisa Datafolha de quinta-feira (22) apontou Nunes em terceiro lugar na disputa, com 19% das intenções de voto dos eleitores paulistanos, atrás do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), com 23%, e de Marçal, 21%.
Levantamentos mais recentes indicam a transferência de votos do atual prefeito para o ex-coach. Este é o caso da pesquisa Quaest, que mostra empate técnico em primeiro lugar entre Boulos (22%), Marçal (19%) e Nunes (19%).
O sinal de alerta se acendeu para a campanha do MDB de São Paulo. E a resposta foi a entrada de corpo e alma do governador de São Paulo, o bolsonarista Tarcísio de Freitas (Republicanos), que emendou seis agendas públicas ao lado de Nunes apenas nos últimos três dias.
A dupla foi a um evento do setor da construção civil, comeu sanduíche de mortadela no Mercado Municipal da capital e, hoje, esteve no Capão Redondo para vistoriar obras de um piscinão e fazer corpo a corpo com eleitores em uma rua de comércio popular do bairro do extremo da zona sul da cidade.
A estratégia é a de repetir exaustivamente o discurso de que a parceria entre as gestões municipal e estadual tem dado certo. "Com certeza [as agendas com Ricardo Nunes] irão se intensificar. Sabe por quê? Tem muita coisa conjunta sendo feita. A gente precisa mostrar a parceria", afirmou o governador bolsonarista, que chegou a verbalizar a preocupação com as chances de Nunes conseguir se reeleger.
Tarcísio é um dos principais fiadores da campanha de Nunes, mas já reconheceu na última segunda-feira (26) que terá habilidade em lidar com qualquer um que ganhe o pleito de 6 de outubro. O tom de descrença na reeleição do prefeito veio na terça-feira (27), quando o governador cogitou durante entrevista à Jovem Pan que votaria nulo, caso Boulos e Marçal fizessem um hipotético 2º turno nas eleições à Prefeitura de São Paulo.
Mas Tarcísio se retratou após orientação do clã Bolsonaro. O governador reconheceu "não ter se expressado bem" e disse que "não pode haver voto nulo contra a esquerda", ao insinuar que votaria no ex-coach se fosse para derrotar Boulos, psolista apoiado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).