A vereadora reeleita Luna Zaratini (PT-SP) classificou como "mais um escândalo" do "balcão de negócios" montado por Ricardo Nunes (MDB) na Prefeitura de São Paulo a denúncia feita por um servidor sobre um esquema de rachadinha e a relação do prefeito bolsonarista com o cunhado do ex-líder do PCC, Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, que foi divulgada pela Fórum nesta quinta-feira (24).
A denúncia, segundo o próprio autor que falou à Fórum de forma anônima temendo represálias, será apresentada à Polícia Federal nos próximos dias, incluindo todo o arcabouço probatória que ele afirma possuir.
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Na entrevista - assista aqui -, o servidor paulista afirma que Nunes teria montado um esquema de rachadinha para abastecer sua campanha à reeleição e contou detalhes de como funcionaria um suposto esquema irregular em contratos emergenciais milionários na Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras (SIURB), cujo chefe de gabinete é Eduardo Olivatto, ex-cunhado de Marcola.
"O depoimento é muito forte e de uma pessoa que estava dentro da secretaria", diz Luna, que conta como Nunes montou um "balcão de negócios" na prefeitura que teria repassado cerca de R$ 4 bilhões em contratos emergenciais a famílias e pessoas ligadas a ele.
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"A gestão Ricardo Nunes teve um aumento muito grande em contratos emergenciais, sem licitação e sem transparência nenhuma, para realização de obras. Esses contratos equivalem a R$ 4,3 bilhões. Nesses contratos a gente vê que várias empresas que ganharam estão ligadas a algumas famílias. A gente sabe, por exemplo, que algumas empresas são ligadas à família Braga, que é próxima do Ricardo Nunes, e há contratos também ligados a essa pessoa que foi citada, que é o Eduardo Olivatto, chefe de gabinete da SP Obras e ex-cunhado do Marcola do PCC", contou a vereadora.
Luna afirma que a denúncia da Fórum fortalece a representação já feita pela oposição ao Tribunal de Contas do Município (TCM), que comprovou que se os mesmos contratos emergenciais fossem feitos de acordo com a lei das licitações custariam 4 vezes menos aos cofres públicos.
"A prefeitura não pode ser um balcão de negócios, tem que atender a demanda do povo, com licitação e transparência", afirmou Luna.
"Esse é mais um escândalo da gestão Ricardo Nunes, um escândalo importantíssimo para essa reta final porque tem muita coisa em risco nessa eleição", emendou a vereadora na entrevista ao Fórum Onze e Meia.
Rachadinha e PCC
Na entrevista exclusiva à Fórum, o servidor afirma que Nunes sempre teve muita influência na SIURB, desde o período em que o prefeito Bruno Covas ainda era vivo, e de quem o atual gestor era vice.
Nas palavras do denunciante, o candidato do MDB que busca um novo mandato no Palácio do Anhangabaú “oferecia cargos” para algumas pessoas para que “devolvessem parte dos vencimentos” dos supostos indicados, ou então nomeava colaboradores que nunca exerceram função alguma na prefeitura, a quem chamou de “fantasmas”.
“Quando foi assumido pela turma do Ricardo [Nunes], a SIURB fez parte da negociação do apoio do MDB à Prefeitura de São Paulo, na eleição do Bruno [Covas], [a pasta] é a única secretaria que o prefeito tem domínio total, inclusive ele já oferecia cargos em troca de rachadinha para pessoas que ele precisava colocar na campanha, ou funcionário fantasma, [para que] devolvesse parte do salário”, acusa o servidor.
Na denúncia, o funcionário da Prefeitura de São Paulo deu pormenores de como operaria um suposto esquema criminoso em contratos emergenciais celebrados entre a Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras (SIURB) e empresas prestadoras de serviço. Ele começou falando sobre a entrada de Eduardo Olivatto para o cargo de chefe de gabinete da referida secretaria e de como ele teria colocado gente de seu convívio, com a anuência de Nunes, para tocar os trabalhos na pasta.
“Foi após a chegada do Eduardo [Olivatto] que a gente percebeu um aumento significativo e muito grande nesses contratos emergenciais. O departamento se chamava Licitações e Contratos, tinha a parte de cadastro, licitação e contrato. Tudo no mesmo departamento. Eles tiraram, separaram o Departamento de Licitações e Contratos e trancaram a Licitações, montaram um time onde quem é o chefe de tudo isso é o chefe de gabinete, e ele trouxe pessoas da confiança dele e também usou pessoas que já estavam lá”, relata.
Leia a reportagem na íntegra e veja o vídeo da entrevista na Fórum