ESCÂNDALO RELIGIOSO

Ex-padre pedófilo é preso após mais de 60 denúncias de abuso sexual contra crianças

As denúncias de abuso começaram a surgir nos anos 1970 e se estenderam até o início dos anos 2000. Ao todo, pelo menos 60 mulheres relataram terem sido vítimas de abusos quando tinham entre 7 e 9 anos

Bernardino é levado pela polícia após denúncias de abuso sexual contra menores.Créditos: Divulgação / PCMG
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Bernardino Batista dos Santos, de 76 anos, ex-padre da Igreja Santa Luzia, foi preso nesta quarta-feira (23) em sua residência em Juatuba, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, sob acusação de abusos sexuais contra crianças e adolescentes. Conhecido como "Santo do Paraíso", Santos recebeu esse apelido durante seu período como padre no bairro Paraíso, na Zona Leste de Belo Horizonte.

As denúncias de abuso começaram a surgir nos anos 1970 e se estenderam até o início dos anos 2000. Ao todo, pelo menos 60 mulheres relataram terem sido vítimas de abusos quando tinham entre 7 e 9 anos. Embora a Polícia Civil tenha investigado os relatos, muitos dos crimes prescreveram segundo a legislação vigente, impedindo um desfecho judicial.

Em 2021, a Arquidiocese de Belo Horizonte afastou definitivamente Bernardino Batista dos Santos de suas funções sacerdotais. Essa decisão foi confirmada pelo Tribunal do Dicastério para Doutrina da Fé, do Vaticano. Mesmo após o afastamento, surgiram rumores de que ele ainda atuava na igreja, o que foi desmentido pela arquidiocese.

A prisão foi efetuada pela Polícia Civil de Tiros, no Alto Paranaíba, em cumprimento a um mandado expedido pela Justiça em 21 de outubro. Santos será submetido a exames médicos e encaminhado para a delegacia de Juatuba. A denúncia que originou o inquérito policial em 2021 envolve um caso relatado por uma mãe sobre um incidente ocorrido em 2016, durante uma excursão em Tiros.

Além desse caso, há relatos de outros abusos ocorridos entre 1999 e 2001 no mesmo sítio em Tiros e enquanto Santos era diretor da escola infantil e padre na Paróquia Nossa Senhora Medianeira e Santa Luzia, no bairro Paraíso.

A defesa do ex-padre argumenta que a prisão preventiva é abusiva e sem fundamentação processual e constitucional, além de ele negar todas as acusações, confiando na imparcialidade da justiça.

A advogada Carolina Rocha, uma das vítimas e porta-voz de um grupo de mais de 60 mulheres, expressou alívio com a prisão do ex-padre: "Eu sou porta-voz de um grupo de mais de 60 mulheres que já me procuraram desde 2021. Queria agradecer primeiramente a todos nós, que nunca desistimos, desde 2021, buscando que a justiça fosse feita de alguma forma. Esse pedido de prisão nos dá algum alento, algum alívio, em meio a tanta luta".

Esta prisão marca um passo significativo na busca por justiça para as vítimas de Bernardino Batista dos Santos.