VIOLÊNCIA POLICIAL

Câmeras em uniformes de policiais reduziram drasticamente número de mortes; entenda

O Programa Olho Vivo instituído em 2020 e resultou na queda da letalidade em ações da Polícia Militar de São Paulo

Câmeras em uniformes de policiais reduziram drasticamente número de mortes; entenda.Créditos: Rovena Rosa/ Agência Brasil
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A operação da Polícia Militar de São Paulo realizada neste final de semana no Guarujá, litoral paulista, reacendeu a discussão sobre a violência policial e o uso das câmeras nos uniformes dos agentes.

De um lado, políticos e especialistas defendem a necessidade de ampliar tal programa. No outro campo, parlamentares da extrema direita, especialmente aqueles que compõem a chamada "Bancada da Bala", defendem o fim de tal política.

Porém, levantamentos apontam para uma drástica redução da letalidade policial a partir do momento em que as câmeras foram instituídas nos uniformes dos agentes.

Como funciona o programa?

Instituído em 2020, por meio do Programa Olho Vivo da Polícia Militar do Estado de São Paulo, alguns batalhões aderiram ao uso de câmeras corporais nos uniformes dos agentes.

De acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP), até o final de 2022, 62 batalhões adotaram as Câmeras Operacionais Portáteis (COP) nas incursões dos policiais.

Como funcionam as câmeras?

  • As câmeras são fixadas no peito dos policiais; 
     
  • Os policiais não podem escolher se vão ou não gravar a ação;
     
  • As gravações ocorrem de forma ininterrupta;
     
  • Alojar as câmeras no peito dos agentes permite um ângulo privilegiado de captura de imagens;
     
  • Os dados obtidos sem acionamento da gravação são chamados pela PM de "vídeos de rotina" e ficam arquivados por 90 dias;
     
  • Aqueles que são obtidos pelo acionamento proposital do policial são chamados de "vídeos intencionais" e ficam arquivados por 1 ano;
     
  • Os policiais só podem retirar as câmeras para ir ao banheiro e para fazer refeições.
     

Queda histórica no número de mortes

Levantamento feito pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), em parceria com a Unicef, revela uma queda drástica da mortalidade de adolescentes em intervenções policiais.

  • Em 2017, foram 171 mortes de jovens com idade entre 15 e 19 anos provocadas por intervenções policiais; 
     
  • Em 2021, com um ano de implementação das câmeras, foram registradas 42 mortes, redução de 75% quando comparado com 2020;
     
  • Em 2022, foram registradas 34 mortes, o menor número da série histórica; uma redução de 80% quando comparado a 2017. Esse dado foi compilado pelo Ministério Público de São Paulo no relatório Letalidade Policial e Foco, único a registrar dados por faixa etária.

Os dados divulgados pela Secretaria de Segurança Pública também revelam o menor índice de mortes desde o início da série histórica desde 2001, quando começaram a separar mortes praticadas por policiais em serviço e fora de serviço.

  • Os batalhões que aderiram ao uso das câmeras registram redução de 76,2% entre 2019 e 2022; 
     
  • Já os batalhões que optaram por não usar as câmeras registraram queda de 33,3%;
     
  • O número de adolescentes mortos em intervenções da Polícia Militar caiu 66,7%: de 102 vítimas em 2019 para 34 em 2022;
     
  • Também caíram as lesões corporais de policiais durante as operações: foram 44 agentes que se machucaram em ação policial durante abordagem nos 12 meses após a adoção das câmeras - 28% menos do que as 61 ocorrências registradas um ano antes.