TARIFA ZERO

10 anos depois das Jornadas de Junho, população vai às ruas contra tarifa em SP

Protesto saiu do Theatro Municipal e foi até a Praça Roosevelt com cerca de 200 manifestantes; Organizadores fazem parte de uma série de movimentos, associações e coletivos, entre eles há dissidentes do Movimento Passe Livre

Manifestação pela Tarifa Zero em São Paulo.29 de junho de 2023Créditos: Reprodução/TV Bandeirantes
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No final da tarde desta quinta-feira (29), uma manifestação convocada por uma série de movimentos, incluindo dissidentes do Movimento Passe Livre, tomou as ruas do centro de São Paulo para reivindicar a Tarifa Zero no transporte público e lembrar as Jornadas de Junho de 2013, que começaram na capital paulista com protestos contra o aumento das tarifas na época. Os organizadores buscam marcar os 10 anos desses protestos históricos para além das reivindicações centrais.

"No mês de junho de 2013, o aumento das tarifas do transporte coletivo levou multidões às ruas de centenas de cidades brasileiras. Como consequência da violência policial, do aumento da exploração, da alta dos preços e de um sentimento generalizado de insatisfação, o movimento se tornou uma revolta de grandes proporções contra a ordem estabelecida. Dez anos depois, o custo de vida está mais alto e a vida só piorou. O transporte está cada vez mais caro, a qualidade não melhora e a privatização continua sendo apontada como solução", diz trecho do panfleto de convocação do protesto.

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O protesto saiu do Theatro Municipal e seguiu até a Praça Roosevelt com cerca de 200 manifestantes. Assim como nos atos do MPL, uma catraca foi queimada logo no início da manifestação. A Tropa de Choque da Polícia Militar acompanhou a caminhada e não houve registro de tumultos ou confusões.

"É um ato que tem uma função dupla, pensar em junho de 2013 e em sua radicalidade, resgatando sua memória legítima, e um ato de luta na rua pela Tarifa Zero. Foi bastante animado, com a presença de muitos jovens, o que é muito bom, pois pudemos mostrar o que foi o espírito daquele tempo para esse pessoal que por uma questão de idade não teve como viver aquilo, além de pautar a atualidade da pauta", respondeu à reportagem da Revista Fórum um membro da comissão de imprensa dos movimentos que convocaram o ato.

"Quem sofre com a tarifa hoje é quem foi demitido, teve o salário reduzido ou teve seu trabalho precarizado ao longo da última década como consequência das reformas trabalhista e previdenciária, que não foram revogadas até agora", diz outro trecho do panfleto que embasa a convocação do protesto e não possui o logo do MPL.

De acordo com Lucas Monteiro, conhecido como Legume, fundador e ex-membro do MPL que participa do grupo que convocou o protesto, o objetivo é pressionar o poder público para que a gratuidade no transporte público seja aprovada nos municípios, estados e no Congresso Nacional. Além da Tarifa Zero, os manifestantes também levaram cartazes contra o Marco Temporal, o Novo Ensino Médio e o Arcabouço Fiscal, que consideram como um "teto de gastos repaginado". O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), não foi poupado das críticas.

"Curiosamente, quando o lucro das empresas de transporte foi ameaçado pela perda de passageiros, acentuada pelos próprios aumentos de tarifa e pela pandemia, a proposta da Tarifa Zero foi retomada pelos mesmos políticos e empresários que eram contra ela (…) Demagogicamente, no final do ano passado, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, passou a defender a proposta ao mesmo tempo em que sucateia o sistema de ônibus", diz o trecho final do panfleto.