Uma antiga lenda urbana paulistana ganhou a atenção da imprensa, em especial da Globo, nesta quarta-feira (12). Trata-se dos relatos de avistamentos e aparições de supostos fantasmas no Copan, um histórico edifício do centro de São Paulo. O conjunto de relatos sobrenaturais no local – são muitos - aponta desde vultos, vozes e mal funcionamento de um elevador, até o “retorno” de antigos moradores ou funcionários, já falecidos, em formato fantasmagórico.
Um dos moradores mais famosos do prédio é o humorista Paulo Vieira. Ele também fez relatos desta natureza alguns anos atrás, em 2019. À época relatou que numa madrugada pensou que havia uma vizinha, até então desconhecida, tentando invadir seu apartamento. De manhã, notou uma movimentação no andar e um policial lhe disse que uma das moradoras do andar tinha se matado na noite anterior.
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Apesar da ausência de comprovação científica sobre esses e todos os demais relatos correlacionados, os supostos vultos e barulhos desconhecidos assombram moradores e funcionários que trocam as polêmicas experiências em grupo de WhatsApp. São tantas experiências “sobrenaturais”, que os participantes do grupo começaram a catalogar e classificar os relatos. Além disso, a situação despertou as mais variadas crenças religiosas e sobrenaturais da vizinhança. Há quem figure na imprensa usando gatos de estimação, por exemplo, para fazer "limpezas espirituais" no local.
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A partir dessa catalogação via WhatsApp surgiram nomes como “Psiu”, “Homem da Casa das Máquinas”, “Conchinha”, os “vultos do sétimo andar” e o tal do “elevador temperamental”. De acordo com a apuração do G1, cada vez que surge um novo relato, todos esses nomes são revisitados pelos participantes e antigas experiências são recontadas.
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Os fantasmas fariam uma série de peripécias com os vivos. Desde assustar com vultos aos que visitam o sétimo andar e supostamente causar trancos em um dos elevadores, ainda teriam espíritos que perseguem moradores na garagem, fazem barulhos nas escadas e causam a sensação de sufocamento em quem supostamente tentam esganar. Há, ainda, o relato de uma aparição no terraço do prédio, dessas “perfeitas”, como se vê nos filmes de terror.
Mas apesar dos sustos, do frio na espinha e dos enforcamentos por “mãos invisíveis”, há quem veja a “presença” dos fantasmas como algo positivo. Alguns dos participantes do citado grupo de WhatsApp defendem que devido aos constantes e viralizados relatos sobrenaturais, as contas de luz dos apartamentos do Copan, e do próprio edifício, deveriam receber descontos gordos. Outro morador torce para que as supostas aparições de fantasmas façam o aluguel baixar.
O Copan
Projetado em 1950 por Oscar Niemeyer, o Copan foi inaugurado em 1966. Nos dias atuais conta com 1160 apartamentos onde vivem cerca de 5 mil pessoas. Dentro do condomínio existe uma série de comércios e serviços como salão de beleza, bares, restaurantes, e outros.
O condomínio é composto por seis blocos, que recebem tamanhos diferentes de apartamentos. Nos blocos C e D estão os grandes; nos B, E e F ficam os pequenos apartamentos de um quarto e as kitinetes. O bloco A abriga os apartamentos de tamanho médio, entre 2 e 3 quartos.
Moradores e fantasmas
Moradores contaram a origem de alguns dos fantasmas. Affonso Celso Prazeres de Oliveira, que é síndico do prédio há 30 anos, garante que por exemplo o “Homem da Casa das Máquinas” é real. “Tinha um mecânico chamado Longo. Uma noite, na casa de máquinas do bloco E, ele viu uma pessoa sentada em uma das máquinas e saiu correndo. Depois, conversou comigo e disse que nunca mais voltaria para cuidar do prédio à noite. Isso aconteceu há mais de 20 anos. Em outra ocasião ele voltou acompanhado de outro mecânico para o conserto de uma máquina. Longo estava no banheiro quando o outro mecânico apareceu correndo após ver a assombração. Os dois voltaram, e ele ainda estava lá sentado. Dizem que esse Homem da Casa das Máquinas é alguém que ajudou na construção do edifício e depois foi morador”, contou.
O roteirista Miller da Silva dos Santos, que mora no bloco B há três anos, relatou o caso do elevador: “Sou sempre assombrado pelo elevador. Uma vez apertei o térreo e o elevador parou em outro andar. Eu estava me olhando no espelho e vi quando a porta abriu. Olhei rápido e tive a impressão de ver um vulto, mas não havia ninguém. Outra vez, o elevador foi para no décimo quinto andar e, chegando lá, o botão do térreo, que eu tinha apertado, caiu no chão”.
Já a tatuadora Júlia Zaia, que também mora no bloco B, contou que descia as escadas quando ouviu um “psiu”, como se fosse dito ao pé do ouvido. Não havia ninguém. Uma segunda e uma terceira vez em que teria ouvido o mesmo “psiu”, teve a impressão de ver um vulto. Ela achou pudesse ser uma brincadeira de algum vizinho, mas não achou nenhum vivo nas imediações.
“Me assustei, mas sou bem cética e dizia para mim mesma que era só uma alucinação. E assim fui levando, até me colocarem no grupo de WhatsApp”, relatou.
Outra moradora, Natasha Costa, de 24 anos, relatou que logo na primeira noite que dormiu no Copan, alguns meses atrás, acordou as dez e meia da manhã com alguém dormindo de ‘conchinha’ consigo. Ao ver que ela se assustou, a suposta pessoa teria feito um “shhh”, de silêncio, em seu ouvido. Não havia ninguém em casa.