O Ministério Público (MP) e a Polícia Civil de São Paulo investigam o cabeleireiro e empresário Diego Beserra Ernesto por suspeita da prática dos crimes de racismo, homofobia e discurso de ódio. Em áudio que circulou neste final de semana na internet, ele afirma que não contrata "gordo, preto, viado e petista".
“Cara, eu coloquei uma regra pra mim. Eu não contrato gordo, eu não contrato petista e eu não contrato preto, você está entendendo? Mas no caso do preto porque alguns se fazem de vítimas da sociedade. A mulher tem duas coisas, mano: gorda e preta. Ela não cuida nem do próprio corpo, mano. Como vai ter responsabilidade na vida. Não tem”, diz o cabeleireiro.
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Para o empresário, pessoas negras se vitimizam. “A partir do dia que o Rodrigo virou pra mim e falou assim: ‘Você está me escravizando, tô cansado de ser escravo’, ele é tipo moreno e eu já tive outro auxiliar também negro, tive problema. Então, não me interprete mal, mas essa é a minha linha de raciocínio hoje”, afirma.
Em seguida, Diego Beserra também ataca feministas e pessoas LGBT. “Às vezes as minas que usa cabelo curto são feministas. A gente não sabe, mano. Eu não sei, não tô generalizando falando que todas são. Mas tem uma grande probabilidade de ser feminista. Feminista é um saco, mano. Você não pode falar nada. Esqueci de falar. Não contrato mais viado, principalmente viado. Não contrato mais. Só se a pessoa estiver mentindo”, acrescenta.
Após o vazamento do áudio, pelo menos três vítimas, todas cabeleireiras, citadas na gravação registraram boletim de ocorrência. Segundo informações do G1, duas delas foram ouvidas nesta terça-feira (7) pela Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), do Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP).
Além disso, o Grupo Especial de Combate aos Crimes Raciais e de Intolerância (Gecradi) do MP também acompanha as investigações.
Os áudios com os ataques racistas, homofóbicos e gordofóbicos foram realizados por Diego Beserra no dia 12 de janeiro ao responder uma mensagem de Jeferson Dornela, homem negro e que também é cabeleireiro e alugava uma das salas do estabelecimento de Diego.
De acordo com Jeferson, a mensagem repleta de discurso de ódio de Diego Beserra foi uma resposta após Jeferson comentar que uma cabeleireira havia desistido da vaga de auxiliar de salão. A vítima do ódio de Beserra é Ana Carolina Alves de Sousa, mulher negra de 31 anos.
Os áudios foram revelados por Antoniio Isuperio e pelos Jornalistas Livres.
Ao G1, o empresário Diego Beserra afirma que os áudios estão fora de contexto e que ele "está sendo massacrado".