ARSENAL DE GUERRA

480 militares são aquartelados em SP após histórico furto de 21 metralhadoras em quartel

Maior roubo de armas das Forças Armadas desde 2009 ocorreu no Arsenal de Guerra em Barueri, na Grande São Paulo

Metralhadora de calibre .50.Créditos: Reprodução/TV Globo
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480 militares do Arsenal de Guerra em Barueri, na Grande São Paulo, foram aquartelados pelo Exército após o histórico furto que subtraiu 21 metralhadoras da unidade na última terça-feira (10). As tropas agora devem permanecer nas dependências do quartel e não poderão voltar às suas casas.

O furto foi confirmado pelo Exército na última sexta-feira (13). Durante inspeção realizada na última terça (10) foi constatado o sumiço de 13 metralhadoras calibre .50 e 8 de calibre 7.62. As .50 são famosas por terem a capacidade de derrubar aeronaves. Seu alcance e poder de fogo são de conhecimento público.

Agora o Exército quer ouvir cada um dos militares que trabalham na unidade em investigação interna. O principal objetivo, além de descobrir como as armas sumiram, é recuperá-las. Após darem seus depoimentos, os militares serão dispensados da ordem de aquartelamento.

Até o momento nenhum suspeito foi identificado e as armas ainda não foram recuperadas. Este é o maior furto de armas do Exército desde que tal modalidade de crime começou a ser contabilizada, em 2009, pelo Instituto Sou da Paz.

Naquela ocasião, em 8 de março de 2009, sete fuzis foram roubados do 6º Batalhão de Infantaria Leve de Caçapava, no interior de São Paulo. Criminosos haviam invadido o local e roubado as armas. Após investigação, a Polícia Civil recuperou os armamentos e prendeu os suspeitos. Um deles era militar.

Em 2010 foram 18 armas roubadas e 5 recuperadas. Em 2011, 6 armas roubaras e 3 recuperadas. Até 2020 (excluindo o ano de 2014 que o levantamento não foi realizado), foram 67 armas roubadas e 16 recuperadas.

"O último grande desvio do Exército havia sido o de 7 fuzis 7.62 desviados de um batalhão de Caçapava em 2009, também em São Paulo. Felizmente daquela vez, todas as armas foram recuperadas. O desvio de agora é muito mais grave, não só pela quantidade de armas levadas de uma vez, mas pela potência. Essas armas são automáticas e servem para perfurar blindagens e seu desvio mostra uma precariedade do controle de arsenais", disse Bruno Langeani, gerente da área de sistema de Justiça e Segurança do Sou da Paz, ao G1.

No mesmo comunicado em que confirma o roubo das armas, o Exército também afirma que os itens roubados seriam “inservíveis”. Em outras palavras, não funcionavam e teriam de passar por revisão técnica ou manutenção. Também foi informado que uma investigação interna irá apurar o ocorrido, razão pela qual os 480 militares da unidade foram aquartelados.

Leia o comunicado do Exército a seguir

"O Comando Militar do Sudeste informa que, no dia 10 de outubro de 2023, em uma inspeção do Arsenal de Guerra de São Paulo, foi verificada uma discrepância no controle de 13 (treze) metralhadoras calibre .50 e 8 (oito) de calibre 7,62, armamentos inservíveis que foram recolhidos para manutenção. Imediatamente, foram tomadas todas as providências administrativas com o objetivo de apurar as circunstâncias do fato, sendo instaurado um Inquérito Policial Militar.

Toda a tropa está aquartelada de prontidão (cerca de 480 militares), conforme previsões legais, para poder contribuir para as ações necessárias no curso da investigação. Os militares estão sendo ouvidos para que possamos identificar dados relevantes para a investigação.

Os armamentos são inservíveis e estavam no Arsenal, que é uma unidade técnica de manutenção, responsável também por iniciar o processo de desfazimento e destruição dos armamentos que tenham sua reparação inviabilizada."