RELIGIÃO E POLÍTICA

Pastores são presos em Manaus por suspeita de compra de votos

Os pastores poderão ser acusados de corrupção eleitoral, conforme o artigo 299 do Código Eleitoral, crime que pode resultar em até quatro anos de prisão

Pastores são presos em Manaus por suspeita de compra de votos.Créditos: Divulgação / Polícia Federal
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Dois pastores foram detidos em flagrante pela Polícia Federal (PF) em Manaus sob suspeita de compra de votos, conforme informou a assessoria de comunicação da instituição. As prisões ocorreram no sábado (26), véspera do segundo turno das eleições municipais.

Os pastores poderão ser acusados de corrupção eleitoral, conforme o artigo 299 do Código Eleitoral, crime que pode resultar em até quatro anos de prisão. Ambos pagaram fiança de R$ 15 mil cada e responderão em liberdade.

Os agentes federais encontraram R$ 21.650 em espécie, fracionados em envelopes numerados, uma lista de presença com 50 assinaturas e equipamentos eletrônicos. Segundo a PF, havia indícios de uma operação estruturada, com membros da igreja anotando nomes e distribuindo dinheiro. A PF chegou à igreja por meio de uma denúncia anônima que mencionava uma reunião destinada apenas a eleitores da capital, convocada por líderes religiosos com a justificativa de "progresso para a comunidade".

Em depoimento, os pastores alegaram que o dinheiro era uma oferta recebida na sexta-feira, 25, no valor total de R$ 38 mil, oriundo de um homem chamado "Eliezer", supostamente ligado ao atual prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), que foi reeleito.

Flaviano Paes Negreiros, um dos pastores detidos, afirmou que o montante seria distribuído entre pastores e obreiros para auxiliar nas despesas relacionadas à convenção da igreja, marcada para a semana seguinte. Negreiros negou qualquer envolvimento na compra de votos para Almeida. Ele confirmou a autenticidade da mensagem de convocação compartilhada no grupo da igreja, justificando que a expressão "votar em Manaus" foi usada para restringir a convocação aos pastores residentes na capital, evitando a participação de líderes do interior.

Werter Monteiro Oliveira, outro pastor envolvido no caso, disse que o dinheiro seria usado para custear transporte e alimentação dos participantes da convenção, que duraria dois dias, incluindo sábado e domingo. Oliveira admitiu que a distribuição do dinheiro foi organizada de forma rápida após uma discussão interna.

Os celulares dos pastores foram apreendidos para perícia, e a PF tentará identificar o doador, que segundo os depoimentos, estaria envolvido na campanha de David Almeida, que foi reeleito neste domingo (27) para governar Manaus por mais quatro anos, com 54,59% dos votos, totalizando 576.171 votos, de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).