O Ministério das Relações Exteriores do Brasil oficializou um pedido de extradição ao governo argentino para Antônio Inácio da Silva Neto e Fabrícia Farias, atualmente em prisão domiciliar na Argentina. O casal é acusado de liderar um esquema de fraudes milionárias através da Braiscompany, prejudicando milhares de investidores no Brasil.
Essa solicitação de extradição marca um progresso significativo nas negociações entre os dois países, oferecendo novas possibilidades para a responsabilização criminal de Antônio Neto e Fabrícia em território brasileiro. A expectativa é que, com a vinda do casal ao Brasil, o processo de recuperação dos valores desviados seja acelerado, beneficiando os investidores que aguardam justiça.
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Advogados das vítimas consideram o pedido de extradição um passo crucial para o bloqueio de ativos e a restituição parcial dos valores perdidos. Eles ressaltam que a ação do governo brasileiro demonstra um compromisso firme com a proteção dos direitos dos lesados e com o combate às fraudes financeiras, que têm se tornado recorrentes no país.
A Braiscompany, que prometia altos retornos sobre investimentos, deixou um rastro de prejuízos afetando inúmeras famílias. A extradição de Antônio Neto e Fabrícia é vista como uma oportunidade para fortalecer as investigações e aumentar as chances de recuperação dos valores desviados.
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O casal estava foragido desde fevereiro de 2023 e já foi condenado por crimes contra o sistema financeiro. As penas, que somadas chegam a 150 anos de reclusão, deverão ser cumpridas no Brasil após a extradição.
Entenda o caso
Segundo a Polícia Federal, o casal é suspeito de desviar cerca de R$ 1,11 bilhão, lesando mais de 20 mil clientes em um esquema de captação de investimentos para a Braiscompany. A empresa, fundada pelo casal, se especializava na gestão de ativos digitais e em soluções baseadas em tecnologia blockchain.
A Braiscompany atraía investidores para converterem seu dinheiro em ativos digitais, que eram então "alugados" pela companhia por um período de um ano. Em troca, os investidores recebiam rendimentos mensais, supostamente oriundos da locação dessas criptomoedas.
A empresa prometia um retorno financeiro de aproximadamente 8% ao mês, uma taxa muito acima dos padrões comuns de mercado e considerada irreal por especialistas. O esquema teve grande adesão em Campina Grande, onde milhares de moradores investiram suas economias na empresa, incentivados por recomendações de parentes, amigos e conhecidos.
Prisão domiciliar
O casal foi preso na Argentina, mas no dia seguinte à sua prisão, Fabrícia conseguiu o direito de aguardar o processo de extradição em liberdade. A Justiça argentina estabeleceu o pagamento de fiança e outras medidas cautelares, considerando sua atitude colaborativa e o fato de ser mãe de dois filhos menores, que não possuem outros parentes para cuidar deles.
A decisão atendeu a uma petição apresentada pela defesa do casal. Os advogados afirmaram que também buscarão a liberdade provisória para Antônio Neto, o marido de Fabrícia. Em 21 de maio, Neto obteve autorização da Justiça argentina para ser transferido imediatamente para prisão domiciliar. Ele estava detido na sede da Interpol em Buenos Aires desde 29 de fevereiro, aguardando a análise de um pedido de extradição feito pelo Brasil.