A candidata à vice-prefeita de Fortaleza, Alcyvania Pinheiro (PL), que compõe chapa com o bolsonarista André Fernandes (PL), disparou uma fake news bizarra contra o Sistema Único de Saúde (SUS), o que revoltou os servidores.
Durante uma entrevista, a vice de André Fernandes afirmou, sem mostrar qualquer prova, que o SUS realiza e ensina as mulheres a realizarem abortos. Ainda de acordo com Alcyvania, o Sistema Único de Saúde também fornece um guia de como realizar a interrupção da gravidez.
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"Nós somos intransigentes na defesa da vida e contra o aborto [...] apesar de o aborto não ser uma matéria legislada dentro do município, nós sabemos que é dentro dos municípios que acontecem os abortos: postos de saúde, onde são distribuídas cartilhas ensinando as mulheres a praticarem o aborto em suas próprias casas. Nós sabemos que é dentro dos hospitais municipais", disparou, sem qualquer prova, a vice de André Fernandes.
A Associação Cearense de Médicos de Família e Comunidade emitiu uma nota de repúdio contra a chapa liderada por André Fernandes. Para os trabalhadores da saúde, a declaração de Alcyvania é "difamatória".
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Confira abaixo a íntegra da nota:
"A Socego e a Associação Cearense de Médicos de Família e Comunidade vêm a público manifestar-se contra a recente postagem divulgada nas mídias sociais com fins político-partidários, onde médicos da Atenção Primária e dos hospitais municipais são levianamente acusados de distribuírem uma cartilha que ensina mulheres a realizar abortos em casa e de praticarem abortos ilegais em hospitais municipais.
Esclarecemos que o Código Penal brasileiro e a ADPF 54 admitem três permissivos legais para a realização do aborto: a gravidez resultante de estupro, risco de morte da gestante e anencefalia fetal. O atraso no procedimento coloca em risco a saúde desse grupo de mulheres, que já tem esse direito garantido, e provoca desnecessária insegurança jurídica aos profissionais de saúde.
A Febrasgo, em seus documentos técnicos, a exemplo das diretrizes da FIGO e da Organização Mundial da Saúde, esclarecem e orientam sobre o procedimento, pautando-se pela legislação vigente.
Diante dos fatos, a acusação de prática de aborto ilegal pelos profissionais da Atenção Primária e dos hospitais municipais é uma acusação grave, que se constitui em ato de violência contra a categoria médica.
Repudiamos o uso político de práticas difamatórias contra a categoria médica e a disseminação de notícias inverídicas que podem vir a comprometer o acesso de meninas, adolescentes e mulheres a um direito legalmente constituído."