DESCASO

Trabalhadores do Enem denunciam calote generalizado da Cebraspe em Pernambuco

Chefe de sala que trabalhou em Jaboatão dos Guararapes diz que além de não receber o pagamento, tampouco recebeu satisfações; Em nota, a entidade afirma que pagamentos estão “em processamento”

Edifício sede do Cebraspe.Créditos: Cebraspe/Divulgação/Natália Valarini
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Imagine que precisando de uma renda extra no mês, você se inscreveu para trabalhar como voluntário para o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). As dificuldades são tantas que, precisando muito do dinheiro, você até pegou pequenos empréstimos, pois o local onde aplicaria a prova é em outro município ou distrito. E nesse contexto, mesmo tendo trabalhado entre os dias 5 e 12 de novembro, você ainda não recebeu o pagamento.

Pois é exatamente essa a situação vivida por voluntários do Cebraspe (Centro Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Seleção e Promoção de Eventos), responsável pela contratação dos profissionais que fariam a aplicação do Enem em Pernambuco no último ano.

Fábia da Paz, que trabalhou como Chefe de Sala na Escola Zequinha Barbosa, em Jaboatão dos Guararapes, procurou a Revista Fórum para fazer a denúncia. Ela própria é residente em outro município, mas situação descrita reflete a realidade de alguns dos seus colegas, não a sua.

“Ninguém da escola que trabalhei, nem da cidade ou mesmo do estado de Pernambuco chegou a receber. Nem os coordenadores. Sei que os valores são baixos, mas as pessoas contam com ele. Muita gente pegou dinheiro emprestado para pagar passagem para ir trabalhar nos dias de prova, a alimentação é apenas um lanche que eles davam, então também tínhamos que gastar com isso. E trabalhamos das 9h às 21h todos aqueles dias. Além de não nos pagar, o Cebraspe também não dá nenhuma satisfação”, denunciou Fábia ao telefone.

O prazo para o pagamento seria de 15 dias úteis após o segundo dia de prova, que foi em 12 de novembro. Depois o Cebraspe estendeu para 30 dias úteis. E até agora, 37 dias úteis depois, nem cheiro do dinheiro.

“Já trabalhei em outros concursos do Cebraspe anteriormente, mas eram concursos menores, para órgãos das polícias estaduais por exemplo, e naquelas ocasiões fui paga rapidamente, assim como todos os outros trabalhadores. Dessa vez, pelo tamanho do Enem, a impressão que dá é de que não estão dando conta do recado”, avalia a Chefe de Sala.

Além dos pernambucanos, também os trabalhadores do Enem na Bahia reclamam da falta de pagamento. Em nota, o Cebraspe afirma que os pagamentos estão “em processamento”. No entanto, sem citar os pagamentos referentes a Pernambuco, seguem sem dar satisfação aos denunciantes.

“O Cebraspe informa que foram processados os pagamentos dos colaboradores que atuaram no Enem 2023 dos estados do Acre, Alagoas, Amapá, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Roraima, Tocantins, Rio de Janeiro, São Paulo, Ceará, Minas Gerais, Santa Catarina, Amazonas, Distrito Federal, Piauí, Pará, Paraná, Goiás, Maranhão e Sergipe. O pagamento dos colaboradores que atuaram no estado da Bahia está previsto para ocorrer até a data de 12 de janeiro”, diz a nota da entidade divulgada para os meios de comunicação.