"CIDADÃO DE BEM"

Foragido do 8 de Janeiro é preso em Mato Grosso acusado de estupro de enteada de 4 anos

Homem já condenado por participação nos atos golpistas é mais um caso para desmontar a tese bolsonarista de que criminosos era "velhinhas com a Bíblia na mão"

Homem já havia sido condenado por participação nos atos golpistas e estava foragido desde 2023; mais um caso para desmontar a tese bolsonarista de que os condenados por tentativa de golpe eram 'velhinhas com a Bíblia na mão'.
Foragido do 8 de Janeiro é preso em Mato Grosso acusado de estupro de enteada de 4 anos.Homem já havia sido condenado por participação nos atos golpistas e estava foragido desde 2023; mais um caso para desmontar a tese bolsonarista de que os condenados por tentativa de golpe eram "velhinhas com a Bíblia na mão".Créditos: Agencia Brasil (Joedson Alves)
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Durante a manifestação esvaziada do dia 16 de março, o ex-presidente Jair Bolsonaro voltou a defender a anistia aos presos pelos atos de 8 de janeiro, insistindo na tese de que a maioria dos detidos seriam "velhinhas com Bíblia na mão".

Diante de um público estimado em 18,3 mil pessoas em Copacabana, no Rio de Janeiro, Bolsonaro classificou as acusações de tentativa de golpe como uma "historinha inventada" e sugeriu que as condenações severas buscam justificar possíveis penas futuras contra ele próprio.

No entanto, apenas dois dias depois, um dos foragidos dos atos golpistas foi preso em Vila Rica (MT), a 1.266 km de Cuiabá, acusado de estuprar a própria enteada, uma menina de apenas 4 anos.

Prisão e Investigação

O homem, de 46 anos, identificado pelas iniciais P.C.R.M., foi preso na tarde do dia 18 de março, após a polícia ser acionada por médicos do Hospital Municipal de Vila Rica, que atenderam a criança com suspeita de abuso sexual.

Segundo o boletim de ocorrência, a mãe relatou que não notou lesões pela manhã, mas, ao buscar a filha na creche à tarde, a menina passou a reclamar de dores. O padrasto havia sido o único responsável por levá-la à escola naquele dia.

Quando a mãe confrontou o companheiro, ele ficou nervoso e, ao ser chamado ao hospital, foi detido pela polícia.

Durante a verificação de seus antecedentes, os agentes descobriram que ele já tinha um mandado de prisão em aberto por participação nos atos golpistas de 8 de janeiro. O homem já havia sido condenado a 16 anos e seis meses de prisão pelo ministro Alexandre de Moraes, mas estava foragido desde 2023.

Os perfis dos presos de 8 de janeiro desmentem narrativa bolsonarista

Levantamentos indicam que os detidos pelos atos golpistas de 8 de janeiro não correspondem à imagem de "velhinhas com Bíblia na mão", como alegado por Bolsonaro e seus aliados.

Perfil dos condenados:

  • Gênero: Cerca de 60% dos detidos são homens.
     
  • Idade: A maioria dos presos tem entre 36 e 55 anos.
     
  • Origem: Os detidos são provenientes, principalmente, dos estados de São Paulo, Minas Gerais, Bahia e Paraná.
     
  • Filiação partidária: Menos de 20% dos presos possuem filiação a partidos políticos. Alguns já se candidataram a cargos públicos ou trabalharam em campanhas eleitorais.
     
  • Situação atual: Até janeiro de 2025, 155 pessoas seguiam presas, sendo 78 em prisão provisória e 70 cumprindo pena definitiva.

Destino dos foragidos

  • 122 pessoas envolvidas nos ataques de 8 de janeiro são consideradas foragidas.
     
  • 61 delas romperam tornozeleira eletrônica e fugiram do país, tornando-se alvo de pedidos de extradição.
     
  • 4 mulheres foram presas nos EUA ao tentarem entrar ilegalmente no país, onde buscavam asilo político.
     
  • Na Argentina, a justiça ordenou a detenção de 61 bolsonaristas que solicitaram asilo político após romperem tornozeleiras.

O destino dos foragidos dependerá de decisões das autoridades internacionais, enquanto o Brasil segue em busca de responsabilização total pelos atos golpistas de 8 de janeiro.

A prisão de P.C.R.M. evidencia que a narrativa de que os condenados seriam apenas "velhinhas indefesas" não se sustenta diante dos fatos. O episódio reforça a complexidade do perfil dos envolvidos nos ataques à democracia brasileira e a necessidade de manter o rigor nas investigações e punições.

Governo Lula é contra a anistia

A ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, usou as redes sociais, neste sábado (22), para reiterar seu posicionamento contrário ao Projeto de Lei 2.858/2023, conhecido como "PL da Anistia". A proposta, de autoria do deputado Major Vitor Hugo (PL-GO), prevê a revogação das punições e crimes atribuídos aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.

Gleisi afirmou que o texto "determina a completa impunidade" para todos que participaram, financiaram ou incentivaram ataques contra a democracia desde a eleição do presidente Lula

"Isso inclui Jair Bolsonaro e seus cúmplices apontados na denúncia da PGR, que começa a ser julgada esta semana", declarou.

A ministra destacou o artigo 1º do projeto, que propõe anistia a manifestantes, caminhoneiros e empresários que participaram de protestos em rodovias e em frente a unidades militares. Além disso, o texto inclui a anistia para crimes políticos e conexos.

Gleisi criticou a proposta e afirmou que a intenção do PL é beneficiar Bolsonaro. 

"Além dos atentados de 8 de janeiro, acampamentos nos quartéis, bloqueios de estradas e a bomba no aeroporto de Brasília, o projeto permitiria o perdão de crimes como os decretos do golpe, a conspiração com chefes militares e até o plano de assassinato de Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes", disse.

No último domingo (16), apoiadores do ex-presidente se reuniram em Copacabana, no Rio de Janeiro, para pressionar o Congresso pela aprovação do projeto.

Com informações do Pragmatismo Político

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