VIOLÊNCIA POLICIAL

Homem morto em Goiás foi visto pela última vez entrando em camburão da PM

Henrique Alves Nogueira apareceu morto na última sexta (12) em Goiânia; um dia antes foi flagrado por câmeras de segurança sendo levado por policiais militares após abordagem

Frame das imagens captadas da abordagem policial sobre Henrique Alves Nogueira.
Frame das imagens captadas da abordagem policial sobre Henrique Alves Nogueira.Créditos: Reprodução / Youtube/UOL
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Vídeos de um circuito de câmeras de segurança registraram a abordagem policial na última quinta-feira (11), em Goiânia, sobre Henrique Alves Nogueira, de 28 anos. Os policiais dão ordem para que Henrique encoste na parede, o revistam e, em seguida, o colocam no camburão da viatura. Henrique apareceu morto no dia seguinte, deixando esposa e um filho de 4 anos.

Segundo a versão dos policiais, registrada no Boletim de Ocorrência do caso, Henrique seria o garupa de uma moto que andava na contramão e, ao tentar uma manobra para escapar da abordagem policial, teria derrapado, fazendo com que o garupa caísse. O piloto ainda teria atirado contra os policiais, que responderam alvejando-o em seguida. Na sequência abordaram Henrique e com ele teriam encontrado diferentes tipos e quantidades de drogas em uma mochila.

Para André Veloso, delegado responsável pelo caso, a versão dos oficiais não parece fazer sentido. Ouvido pela reportagem do Uol, o delegado aponta que, no vídeo obtido pelas câmeras de segurança de imóveis situados no local do acontecimento, Henrique não portava nenhuma mochila. Além disso, o delegado aponta que as investigações estão focadas no intervalo de tempo entre a colocação de Henrique no camburão e seu reaparecimento, já sem vida.

Henrique teria recebido a abordagem policial perto das 8 horas da manhã, quando foi colocado no interior da viatura. No entanto, ele não foi levado para nenhuma delegacia e os PMs só teriam acionado a Polícia Civil por volta das dez da noite relatando o suposto tiroteio com os motociclistas.

“Quero que a justiça seja feita. Está bem claro que o que houve com ele foi uma execução”, disse a esposa de Nogueira para o mesmo portal de notícias - ela pediu para permanecer anônima. Já o advogado da família, Alan Araújo, afirmou à imprensa que reuniu as provas necessárias para contrapor a versão dos policiais. Esse será seu primeiro passo. Além disso, promete observar as investigações e cobrar indenização na forma de uma pensão do Estado para que a mulher possa criar o filho.

Além disso, o advogado acusa os agentes de fraude processual. “Percebemos que houve homicídio qualificado, fraude processual, associação criminosa, porte ilegal de arma e falso testemunho. Esperamos que as investigações sejam concluídas e os responsáveis punidos”, declarou para o Uol. Por sua vez, a Polícia Militar de Goiás afastou os PMs envolvidos no caso e prometeu que o caso será apurado “com o devido rigor”.

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