CRIME DE ÓDIO

Indígena Kaiowá é brutalmente assassinado por ser LGBTI+

O crime bárbaro ocorreu no Mato Grosso do Sul. Cleijomar Rodrigues Vasques tinha 16 anos e pertencia à etnia Guarani Kaiowá. Via Campesina publicou nota denunciando o caso.

Crime de ódio.Amigos e parentes de Cleijomar afirmam que “ele só queria ser feliz do jeito que é, vivendo e lutando junto de seu povo, com a garantia do direito ao território”.Créditos: Divulgação
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O movimento de povos do campo Via Campesina Brasil publicou uma nota nesta quinta (24) denunciando o brutal assassinato de Cleijomar Rodrigues Vasques, de 16 anos, pertencente à etnia Guarani Kaiowá. A motivação do crime, ocorrido no dia 12 de novembro, seria o fato do jovem ser assumidamente gay. “Seus assassinos o golpearam na cabeça e jogaram seu corpo na rodovia próximo à comunidade, buscando simular um acidente de trânsito”, relata o texto.

O crime se deu na Comunidade Indigena Limão Verde, no município de Amambai no Sul do Mato Grosso do Sul. De acordo com a Via Campesina Brasil, neste ano foram cometidos  outros dois assassinatos similares na mesma localidade. As vítimas foram os jovens indígenas Timi Vilhalva e Gabriel Rodrigues, também LGBTI+, “apontando indícios de haver um grupo de pessoas perseguindo e ameaçando as LGBTI+ indígenas que residem nesta comunidade”, denuncia o movimento.

Crimes de ódio

Em tom indignado, o texto apresenta dados alarmantes sobre LGBTIfobia no Brasil. “Diante do contexto brasileiro onde só no ano passado houve, pelo menos, 316 mortes violentas de pessoas LGBTI+, segundo dados do Observatório de Mortes e Violências contra LGBTI+ 2022, é um desafio seguir garantindo a vida desta população em seus territórios. Afirmamos aqui que não naturalizaremos a violência. Nossos povos têm diversidade, cor, raça e etnia e tem raízes!”

Ainda segundo o documento, que pede justiça e presta solidariedade a seus pais e cinco irmãs, Cleijomar era uma liderança atuante na luta pela retomada das terras de seu povo e “participativo em sua comunidade”. Detalhes sobre o jovem dizem que ele “gostava de jogar bola, dançar e cursava o 1º ano do Ensino Médio”.  A nota traz ainda um apelo para “que seja garantido que as demais indígenas LGBTI+ sigam vivas, construindo as diversas possibilidades em suas vidas a partir dos seus sonhos, sua cultura e ancestralidade”.

Confira a íntegra do texto:

SANGUE INDÍGENA LGBTI+, NENHUMA GOTA A MAIS!

Nota de denúncia do assassinato de Cleijomar Vasques indígena LGBTI+ da Etnia Guarani Kaiowá

A Via Campesina Brasil manifesta sua profunda indignação e vem a público denunciar o assassinato de Cleijomar Rodrigues Vasques, jovem de 16 anos, Indígena LGBTI+ da etnia Guarani Kaiowá. Ele foi brutalmente assassinado num crime de ódio no dia 12 de Novembro de 2022, na Comunidade Indígena Limão Verde, no município de Amambai no Sul do Mato Grosso do Sul. Por ele ser assumidamente gay, seus assassinos o golpearam na cabeça e jogaram seu corpo na rodovia próximo à comunidade, buscando simular um acidente de trânsito.

O assassinato de Cleijomar, não é casual. Este ano houve, na mesma localidade, assassinatos similares de dois outros jovens indígenas: Timi Vilhalva e Gabriel Rodrigues também LGBTI+, apontando indícios de haver um grupo de pessoas perseguindo e ameaçando as LGBTI+ indígenas que residem nesta comunidade. Diante do contexto brasileiro onde só no ano passado houve, pelo menos, 316 mortes violentas de pessoas LGBTI+, segundo dados do Observatório de Mortes e Violências contra LGBTI+ 2022, é um desafio seguir garantindo a vida desta população em seus territórios. Afirmamos aqui que não naturalizaremos a violência. Nossos povos têm diversidade, cor, raça e etnia e tem raízes!

Cleijomar era uma liderança jovem Guarani Kaiowá, muito presente na luta pela retomada das terras indígenas de seu povo. Com sua energia e alegria, era participativo em sua comunidade. No auge de sua juventude, gostava de jogar bola, dançar e cursava o 1º ano do Ensino Médio, tendo o português como sua matéria preferida, que cujo aprendizado vinha aprimorando para cumprir o sonho de continuar os estudos. Relatos de seus amigos e parentes comovidos pela perda, afirmam que ele só queria ser feliz do jeito que é, vivendo e lutando junto de seu povo, com a garantia do direito ao território.

Nos solidarizamos com seus pais e suas cinco irmãs, e também com o povo Guarani Kaiowá, pois além das perdas de vidas indígenas na luta pelo território, perdem mais vidas para a LGBTfobia. Nos solidarizamos com as indígenas LGBTI+ que seguem ameaçadas neste território e pedimos às autoridades e órgãos de Direitos Humanos para acompanhar o caso, garantindo justiça pelo Cleijomar Vasques, para que seus assassinos não sigam impunes. Da mesma forma, que seja garantido que as demais indígenas LGBTI+ sigam vivas, construindo as diversas possibilidades em suas vidas a partir dos seus sonhos, sua cultura e ancestralidade.

Pela Vida das Indígenas LGBTI+ Guarani Kaiowá

LGBTI+ existem e resistem no campo: Basta de Violências! Basta de LGBTIfobia!

Brasília-DF, 24 de Novembro de 2022.

VIA CAMPESINA BRASIL

APIB- Articulação dos Povos Indígenas do Brasil
CONAQ – Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas
CPT- Comissão Pastoral da Terra
MAM – Movimento Pela Soberania Popular na Mineração
MAB – Movimento dos Atingidos Pela Barragem
MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
MMC – Movimento de Mulheres Camponesas
MPA- Movimento dos Pequenos Agricultores
MPP – Movimento de Pescadores e Pescadoras Artesanais
PJR – Pastoral da Juventude Rural