No Brasil, os edifícios e conjuntos habitacionais projetados por Oscar Niemeyer, o nome mais importante da arquitetura moderna no Brasil — marcada pelas formas ousadas e por vezes monumentais por fora, o uso amplo e às vezes criticado de concreto armado nos interiores e a incorporação de níveis e desníveis em espaços abertos —, têm propostas e valores muito diferentes entre si.
Aliás, as obras de Niemeyer seguem a linha multipropósito: vão de palácios a partições públicas, de prédios de luxo a conjuntos habitacionais populares.
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Entre seus projetos residenciais mais famosos, três edifícios revelam momentos específicos de sua produção em diferentes contextos urbanos: o Edifício Copan, em São Paulo; o Condomínio Oscar Niemeyer, que encara a Praça da Liberdade de Belo Horizonte, e o Conjunto JK, também em Belo Horizonte, em frente à revitalizada Praça Raul Soares.
Cada um deles traduz, à sua maneira, a utopia modernista de uma forma de habitação mais democrática, com muitas curvas que marcam a suntuosidade elegante e, de maneira irônica, meio minimalista de Niemeyer.
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Edifício Copan
Créditos: Wikimedia Commons
Iniciado em 1951, o Edifício Copan, no centro de São Paulo, é um ícone da arquitetura moderna e tinha como propósito integrar múltiplos estratos sociais em um só edifício, numa região de grande interesse.
Sua famosa planta em "S", uma solução para melhor ventilação e iluminação, tem mais de 1.160 unidades residenciais, de quitinetes a apartamentos maiores, que misturam moradores e salas para aluguel de comerciantes.
Atualmente, de acordo com dados coletados do Quinto Andar, os alugueis de apartamentos menores no conjunto habitacional, aqueles entre 20 m² e 39 m², variam de R$ 1.438 a R$ 3.880. Já unidades um pouco maiores, de 40 m² a 55 m², podem ser alugadas por valores em torno de R$ 1.890.
Condomínio Oscar Niemeyer
Créditos: Wikimedia Commons
Em Belo Horizonte, o impressionante Condomínio Oscar Niemeyer, que já virou atração turística no circuito cultural que compõe a Praça da Liberdade, foi concebido na década de 1950 como parte de um esforço de modernização urbana da capital mineira.
O prédio tem a emblemática forma de uma meia-lua, com fachada curva e brises-soleil — as lâminas horizontais que servem como estratégia arquitetônica para reduzir o calor no prédio ao desviar a luz solar —, que demonstram o refinamento e a estética clássicas de Niemeyer.
As unidades, com metragem a partir de surpreendentes 120 m², de planta aberta e estrutural, refletem uma proposta um pouco diferente do Copan, mais direcionada a uma elite urbana.
E os alugueis, que se iniciam em torno de R$ 4.999, com taxa de condomínio em torno de R$ 1.280, refletem isso.
Conjunto JK
Créditos: Wikimedia Commons
Também em Belo Horizonte, o Conjunto JK, que é frequentemente apelidado “o Copan mineiro”, tem uma proposta mais parecida com a de um conjunto habitacional para “todas as classes”, embora com apartamentos menores e mais práticos.
Idealizado inicialmente como habitação popular, o projeto nasceu no período desenvolvimentista brasileiro, e buscava atender ao crescimento rápido da urbanização em Belo Horizonte.
De frente para a Praça Raul Soares, e com apartamentos que vão até 54 m², tem uma arquitetura mais contida, mas é uma mega estrutura retangular com mais de 1.100 apartamentos, divididos em dois blocos de andares, o maior deles com 23.
Os alugueis se iniciam em cerca de R$ 1.000, mas a taxa condominial por chegar a R$ 540.