A menina Sara Raíssa Pereira, de oito anos, deu entrada na última quinta-feira (10), no Hospital Regional de Ceilândia (HRC), após ter participado do desafio do desodorante e morreu, após ter inalado gás do desodorante aerossol, o que provocou uma parada cardiorrespiratória. Ela não reagiu ao procedimento de reanimação, e foi constatada morte cerebral.
A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) abriu inquérito e investiga as razões que levaram à morte de Sara, ocorrida três dias após a sua internação.
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A família de Sara registrou ocorrência. O delegado João de Ataliba, responsável pelo caso, afirmou à coluna Na Mira, do Metrópoles:
“Através do inquérito policial instaurado, a PCDF visa esclarecer como a criança teve acesso ao referido desafio e identificar o responsável por sua publicação, o qual, a depender das circunstâncias, poderá responder pelo crime de homicídio duplamente qualificado (através de meio que pode causar perigo comum e por ter sido praticado contra menor de 14 anos de idade), cuja pena pode alcançar os 30 anos de prisão”, disse.
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Outra morte
Sara Raíssa Pereira não foi a única vítima relacionada ao desafio do desodorante. Brenda Sophia Melo de Santana, de 11 anos, também morreu após inalar aerossol. O caso ocorreu no último domingo (9), em Bom Jardim, município metropolitano de Recife.
Brenda foi socorrida e chegou ao Hospital Municipal Doutor Miguel Arraes por volta das 16h do domingo, mas não resistiu aos sintomas. A polícia classifica o caso como “morte a esclarecer” e aguarda o resultado dos laudos do Instituto Médico Legal (IML).
Segundo o pai da menina, Brenda foi encontrada já em parada cardiorrespiratória em seu quarto, deitada na cama e enrolada em um lençol. A criança tinha ao seu lado um frasco de desodorante aerossol e sua boca e narinas estavam totalmente obstruídas por um pó branco, que se deduz ser do produto.
Estes dois casos ocorreram nas últimas semanas, mas há registros de vários outros nos últimos anos.
O que é o desafio do desodorante
Considerado um "jogo" nas redes sociais, o ato é proposto por pessoas que incentivam crianças e adolescentes que aceitam o desafio a gravar imagens. Os vídeos resultantes da prática somam milhares de visualizações.
Anthony Wong, diretor do Centro de Assistência Toxicológica (Ceatox) do Instituto da Criança da Faculdade de Medicina da USP, afirmou ao G1 que o desafio do desodorante é perigoso por causa do alto teor de etanol (álcool) presente em qualquer tipo de desodorante.
Composto por partículas sólidas e líquidas suspensas no ar a partir do lançamento de um gás por um spray, o aerossol pode causar sérios danos à saúde se for inalado, dizem especialistas. A substância consegue penetrar rapidamente nos brônquios, comprometendo a oxigenação.
Colaboração para o funeral
A família de Sara Raíssa iniciou uma vaquinha com o objetivo de arrecadar fundos para o funeral, por não ter condições financeiras para arcar com os custos. Quem quiser colaborar basta enviar qualquer quantia para a chave Pix 61993086397 (Fabiana Pereira Brandão).
“A pequena Sara Raíssa deixou uma lacuna no coração de seus familiares”, afirmou um familiar da criança pelas redes sociais.