Deise Moura dos Anjos, a mulher suspeita de envenenar um bolo com arsênio e matar três pessoas de uma família, foi encontrada morta na prisão nesta quinta-feira (13). Ela estava detida na Penitenciária Estadual Feminina de Guaíba, na Região Metropolitana de Porto Alegre (RS). Além da morte dos três familiares, Deise também era suspeita de provocar a morte do sogro em setembro de 2024.
Em nota, a Polícia Penal divulgou que ela foi encontrada "sem sinais vitais" durante conferência matinal na penitenciária. A suspeita é que Deise tenha cometido suicídio. Ela estava sozinha na cela.
"Imediatamente, os servidores prestaram os primeiros socorros e acionaram o Serviço de Atendimento Médico de Urgência que, ao chegar no local, constatou o óbito", informou a polícia.
Deise estava presa desde 5 de janeiro e foi indiciada por por triplo homicídio qualificado e três tentativas de homicídio. O envenenamento ocorreu às vésperas do Natal do ano passado, no dia 23 de dezembro.
A morte de Deise está sendo investigada pela Polícia Civil e pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP).
Entenda o caso
No dia 23 de dezembro de 2024, sete pessoas passaram mal durante uma reunião familiar em Torres, no litoral do Rio Grande do Sul. Após comerem um bolo, todos precisaram de atendimento médico. Três mulheres morreram, enquanto outros quatro membros da família, incluindo uma criança de 10 anos e a mulher que preparou o bolo, foram internados.
O caso ganhou novos contornos no dia 25 após a polícia descobrir que o ex-marido da mulher responsável pelo preparo do bolo havia morrido em setembro deste ano. Na época, a causa registrada foi intoxicação alimentar, mas a morte não foi investigada.
Com os novos desdobramentos, a polícia pediu a exumação do corpo do homem para verificar a possibilidade de envenenamento.
"Como tivemos ciência hoje desse fato, instauramos um inquérito policial e vamos exumar o corpo deste senhor para verificar se houve envenenamento também", disse o delegado Marcos Vinícius Veloso.
Produtos vencidos e suspeita de envenenamento
Durante a perícia na casa da mulher que fez o bolo, foram encontrados vários produtos alimentícios vencidos, incluindo a farinha utilizada na receita. O delegado não descarta a possibilidade de intoxicação alimentar causada por esses ingredientes, mas também considera a hipótese de envenenamento intencional.
“Temos duas linhas de investigação. Uma delas é a intoxicação alimentar causada por alimentos vencidos, mas outra hipótese envolve a intencionalidade, considerando os novos fatos revelados”, explicou.
Prisão de suspeita
Deise foi presa no dia 5 de janeiro após a a Polícia Civil apontar que ela teria contaminado a farinha usada pela sogra, Zeli Teresinha dos Anjos, de 60 anos, na preparação do bolo. O principal agente identificado foi arsênio, uma substância altamente tóxica cujos vestígios foram encontrados no sangue das vítimas. Segundo a delegacia de Torres, a suspeita foi conduzida ao Presídio Estadual Feminino da cidade e passará por audiência de custódia nesta segunda-feira (6).
Supostas divergências familiares
Embora a família não relatasse conflitos graves, a relação entre Deise e os outros membros do grupo está sob investigação, já que ela teria divergências com algumas pessoas. A polícia, que se recusou a detalhar, por hora, todas as evidências que motivaram a prisão da suspeita, já ouviu mais de 15 testemunhas e aguarda laudos periciais para confirmar a extensão da contaminação.
“Há evidências que conectam a suspeita ao uso de arsênio, mas outros elementos ainda serão esclarecidos”, afirmou o delegado Marcos Vinícius Veloso, responsável pelo caso.
"Essa pessoa foi investigada e, através de diligências policiais nós conseguimos verificar que ela tenha cometido esse triplo homicídio (...) Divergências [entre a suspeita e membros da família] teriam ocorrido há cerca de 20 anos e eram muito pequenas", prosseguiu o investigador.
LEIA TAMBÉM: Bolo envenenado: o absurdo motivo fútil que teria levado a um dos assassinatos