A Polícia Federal investiga o deputado federal Pastor Gil (PL-MA) por suspeita de envolvimento em um esquema de corrupção relacionado à venda de emendas parlamentares. De acordo com as investigações, ele e outros deputados do Partido Liberal teriam solicitado propinas em troca da destinação de recursos federais a prefeituras, principalmente no Maranhão.
Segundo a investigação, Pastor Gil, ao lado dos deputados Josimar Maranhãozinho (PL-MA) e Bosco Costa (PL-SE), utilizava sua influência para direcionar emendas parlamentares a determinados municípios, exigindo a devolução de parte dos valores em propina. Prefeitos que recusavam participar do esquema sofriam retaliações políticas e ameaças.
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Um dos casos investigados envolve o ex-prefeito de São José de Ribamar (MA), Eudes Sampaio, que denunciou pressões para repassar 25% dos recursos destinados à saúde do município. Ao se recusar, ele teria recebido ameaças contra sua integridade física e a de seus familiares.
Provas e denúncia da PGR
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A Polícia Federal obteve mensagens entre os investigados que reforçam as acusações. Em uma das conversas, Pastor Gil sugere uma reunião com um prefeito para negociar a emenda, enquanto Josimar Maranhãozinho alerta sobre o risco de o encontro ser registrado por câmeras de segurança, evidenciando preocupação com o monitoramento das autoridades.
Diante das provas, a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou uma denúncia ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra os três parlamentares, acusando-os de integrarem organização criminosa e praticarem corrupção passiva. O relator do caso, ministro Cristiano Zanin, liberou a denúncia para julgamento na Primeira Turma do STF, em data ainda a ser definida.
Em nota, a defesa de Pastor Gil negou todas as acusações e afirmou que o parlamentar aguarda o julgamento no STF com a confiança de que os esclarecimentos apresentados comprovarão sua inocência.
O papel de Josimar Maranhãozinho no esquema
Segundo a PGR, Josimar Maranhãozinho era o líder do grupo. Ele teria coordenado a destinação de R$ 6,67 milhões em emendas, cobrando o pagamento de propinas que totalizavam R$ 1,6 milhão. As investigações apontam que as transações ocorriam entre dezembro de 2019 e abril de 2020. Josimar Maranhãozinho foi notícia recentemente por aparecer ao lado da prefeita de Zé Doca, Flavinha Dantas, anunciando a troca do carnaval na cidade por um evento gospel
Anotações encontradas no escritório de Josimar indicam um esquema sistemático de cobrança de propina sobre emendas destinadas a outros municípios maranhenses. A PGR afirma que a venda de emendas também ocorreu em diversas outras cidades além de São José de Ribamar.
Os três deputados foram denunciados pelos crimes de corrupção passiva e participação em organização criminosa, com um pedido adicional de perda de função pública e pagamento de danos morais coletivos no valor de R$ 1,67 milhão.
Impacto na política maranhense
O caso tem gerado repercussão no cenário político, especialmente no Maranhão, onde Josimar Maranhãozinho exerce forte influência. Apesar da investigação, ele segue no comando do PL no estado, com apoio do presidente nacional do partido, Valdemar Costa Neto. Em decisão recente, Valdemar manteve Josimar no controle do diretório estadual, contrariando recomendação do ex-presidente Jair Bolsonaro, que havia pedido o afastamento do deputado após alianças políticas com partidos de esquerda, mas se calou em relação às acusações de corrupção.
O desdobramento da investigação e o julgamento da denúncia no STF serão decisivos para o futuro político dos parlamentares envolvidos.