VIOLÊNCIA POLICIAL

Mãe de estudante de medicina morto pela PM chama Tarcísio de “miserável”

Médica intensivista Silvia Mónica Cárdenas Prado chorou em coletiva e diz que quer pelo menos “um pedido de desculpas” do governador que incentiva sua polícia a matar

Pais do jovem estudante de medicina morto pela PM de SP.Créditos: Redes sociais/Reprodução
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A médica intensivista Silvia Mónica Cárdenas Prado, mãe do jovem estudante de medicina Marco Aurélio Cárdenas Acosta, morto pela PM de São Paulo em novembro do ano passado dentro de um hotel do bairro Vila Mariana, na capital paulista, deu uma entrevista coletiva nesta quarta-feira (8) e cobrou o governador de São Paulo, o bolsonarista Tarcísio de Freitas (Republicanos), conhecido nacionalmente por incentivar a violência e o morticínio da polícia sob seu comando, a quem chamou de “miserável”, pelo menos “um pedido de desculpas”.

“Eu quero justiça, eu quero desse miserável do Tarcísio ao menos um pedido de desculpas... A polícia mata, tapa como gato e continua sua vida, e quem chora é a mãe e o pai”, disse Silvia diante dos jornalistas.

O pai do rapaz, o também médico Julio César Acosta Navarro, lembrou um pouco a história do filho assassinado e garantiu que ele foi morto por razões xenofóbicas e raciais, já que ele e a esposa são peruanos de nascimento (naturalizados brasileiros, por viverem no país há mais de 20 anos) e têm, assim como a vítima tinha, traços físicos típicos dos povos indígenas dos Andes.

“Meu filho desde que nasceu foi um lutador. Ele nasceu prematuro, com sete meses... Meu filho era moreno e morreu no Dia da Consciência Negra, disse o pai. De fato, Marco Aurélio foi morto na madrugada de 20 de novembro de 2024, dia em que se comemora tal data no Brasil.

Relembre o caso

O estudante de medicina de 22 anos, Marco Aurélio Cardenas Acosta, foi assassinado por policiais de Tarcísio durante uma abordagem na madrugada desta quarta-feira (20), em um hotel da Vila Mariana, em São Paulo. As imagens da ação foram registradas por câmeras de segurança do estabelecimento.

Conforme o boletim de ocorrência, o estudante, hospedado no Hotel Flor da Vila Mariana com uma mulher, correu para o interior do estabelecimento após um desentendimento com os policiais, que relatam que o jovem aparentava estar agitado. No entanto, as imagens de segurança mostram o momento em que ele entra no saguão sem camisa, sendo perseguido pelos agentes.

A irritação dos PMs teria começado porque o rapaz, alterado, teria dado um leve tapa no retrovisor da viatura que foi atender a ocorrência.

Já do lado de dentro do estabelecimento, um dos policiais tentou imobilizar Marco Aurélio, puxando-o pelo braço, enquanto outro o atingiu com um chute. Em meio à confusão, o PM Guilherme efetuou um disparo contra o peito do estudante. No boletim de ocorrência, os policiais alegam legítima defesa, afirmando que o jovem teria tentado tomar a arma de Bruno.

Marco Aurélio era o caçula de uma família de médicos peruanos que encontrou no Brasil seu novo lar há mais de duas décadas. A precocidade sempre o acompanhou: nascido prematuramente, demonstrou desde cedo uma inteligência aguçada, concluindo o ensino médio com apenas 15 anos. Segundo sua mãe, a intensivista Silvia Mônica, o jovem era um orgulho para a família.

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